A perplexidade se estabelece quando dois grupos políticos antagônicos de longa data resolvem se entender. Se fundir seria mais preciso. Nesta noite de 27 de outubro, o deputado Mário Júnior acaba de anunciar a sua adesão ao grupo do prefeito Luiz de Deus. Se temos alguma pretensão de atuar na área dos comentários políticos, não nos podemos furtar chamar a atenção para alguns aspectos.
Em live amplamente divulgada, a comunicação da decisão foi feita por um deputado que fez questão de se mostrar humilde. Ele e o seu grupo, afirmou, estavam vindo para somar. “Eu não vou decepcionar”, enfatizou, ressaltando que “a gente [apenas] põe um fim a uma longa pausa, encerrando uma briga de 35 anos”.
Fazendo alusão ao impulso desenvolvimentista da região de Juazeiro/Petrolina, o deputado ressaltou a necessidade de “puxar o desenvolvimento para cá”, chamando a atenção para a importância de uma segunda ponte para a ilha e para a prioridade de investimentos na atividade de criação e tratamento do pescado na nossa região. Em tempo, nós outros estranhamos essa carência considerando que as condições para a criação de tilápias na região são ideais, bem como sabemos que a agricultura pode muito bem ser desenvolvida na nossa zona rural.
A adesão de Negromonte foi chamada de “ato bastante nobre” pelo prefeito Luís de Deus, acrescentando que “eu o parabenizo por isso” e “esse gesto nobre partiu dele”. E mais adiante o prefeito incumbente, nos fazendo lembrar os velhos caciques da nossa história política, reafirmou com clareza e altivez que “o gesto partiu dele”.
Um outro participante da live declarou que a fusão dos dois grupos tradicionalmente rivais foi um acontecimento natural fruto de paciente amadurecimento. O senhor prefeito corroborou a afirmação ao acrescentar que “não houve negociação”. “Foi um gesto espontâneo de Mário Negromonte.”
As eleições acontecerão no próximo dia 15 de novembro. Caberá ao povo escolher os candidatos que julgar melhores para administrar Paulo Afonso (prefeito e vereadores). Ele é o grande juiz da disputa eleitoral. Cabe aos partidos de oposição criticar e apontar melhores caminhos e soluções cumprindo o importante e indispensável papel de vigiar e denunciar o que não estiver dentro da lei e da ética cientes que os opositores são primordialmente adversários e não inimigos.
Por Francisco Nery Júnior
Foto: Carlos Alexandre