Medo e insegurança são duas realidades que caminham juntas e se tornaram amigas do povo brasileiro. Vive-se o medo e a insegurança nos mais diversos níveis: medo de ser assaltado, de ser demitido, de não ser compreendido, medo da intolerância. Insegurança em relação à saúde, habitação, à economia do país. Razões não faltam para que a síndrome ganhe corpo e cresça feito uma bola de neve.
Não vejo com bons olhos o medo. Ele acaba gerando o individualismo e, dessa forma, se apresenta como um elemento imprescindível para que não haja solidariedade. O medo faz com que as pessoas se escondam e fiquem trancafiadas em suas próprias casas, em seus próprios mundos, em si mesmas, ensimesmadas. O medo é verdadeira vitamina para que nos tornemos ensimesmados!
Tenho medo do medo, desculpe-me a expressão, por mais paradoxal que possa ser. Pois ao contrário de uma sociedade regida pelo individualismo, gostaria de presenciar e viver numa sociedade regida pela solidariedade e pela partilha. Trata-se de minha utopia pessoal. Com ela sonho e choro, reflito e tento correr atrás; às vezes corro como um menino com os desejos mágicos da meninice; às vezes, como um idoso que de tanto apanhar na escola da vida, aprendeu como lutar e resistir diante dos problemas que a vida lhe apresenta.
Medo e solidariedade são sentimentos opostos. Impossível caminharem juntos, pois, um leva à exclusão dos outros nas relações sociais como se fossem seus inimigos e o outro, gera ação e mobilização comunitária.
É preciso ultrapassar a barreira do medo. A vida deve ser pautada em valores que estimulem a solidariedade. Penso que talvez assim possamos caminhar sem medo de amar, de falar a verdade em amor, de estar presente na caminhada dos que sofrem, de denunciar as violências presentes no cotidiano e de ser refrigério para os vulneráveis.
Se o medo afasta, a solidariedade une!
Autor: Luiz Alexandre Solano Rossi é professor da graduação em Teologia Interconfessional do Centro Universitário Internacional Uninter.