Os valores estão invertidos ou não nos reinventamos para assimilar o certo e o erro dentro de uma nova visão ética? Nessa dúvida existencial outra pergunta não quer calar: o bem e a felicidade andam de mãos dadas ou é uma utopia humana? Para Platão, a ética se ocupa do modo correto de agir e sua relação com ao alcance a felicidade. No meio dessas ambiguidades comecei a pensar sobre a morte do MC Kevin, como se sabe, era um cantor de funk brasileiro, jovem, bem-sucedido, endinheirado, apessoado e morreu este mês, não de COVID, morte comum e aos milhares nesses tempos de pandemia, o moço faleceu envolvido na urgente reflexão platônica: bem e felicidade. De um lado os prazeres garantidos pelo dinheiro que lhes favorecia demasiado, do outro lado o casamento e suas exigências jurídicas e morais. Nesse dilema ético, partindo do que foi divulgado pela impressa, MC Kevin estaria, com um amigo, fornicando com uma moça, que teria conhecido próximo do hotel, onde se encontrava hospedado com sua esposa; nesse contexto real, o MC Kevin sobressaltou-se diante da eventual presença de sua mulher a lhe flagrar no ato extraconjugal, por conta disto, segundo a impressa informa, o MC, num movimento imperito, tentou fugir do local, para não ser visto pela consorte, mas, sua ação infeliz lhe custou a vida. No caso, o resultado da luxúria deixou-nos a lição de que a felicidade e o bem não andam de mãos dadas. Saindo da filosofia e olhando os fatos à luz da poesia, convém lembrar os versos de Vinícius de Moraes e Antonio Carlos Jobim: “Tristeza não tem fim – Felicidade sim”. O medo de MC Kevin de ser flagrado pela esposa, logrou para sua atitude furtiva, claro, não era esperado o resultado morte, entretanto, se tivesse dado certo, a felicidade – passado o susto – continuaria sendo conquistada ao arrepio da ética. A pessoa temida, a esposa do MC Kevin, comentando sobre traição do marido, no ato que culminou para a sua morte, disse: “é do instinto do homem. Ao dizer isto, decerto expressou preferir amargar a traição a ser viúva – não se pode negar que seja plausível a escolha. A inversão de valores no caso em questão, não tem a ver com a infidelidade conjugal, tem a ver com o meio de busca da felicidade, cada um seu modo contravém o certo em nome da felicidade, o poeta e cantor Caetano Veloso diz na música Dom de Iludir que: cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Toda escolha repercute numa consequência, positiva ou não.
Por Isac de Oliveira
Advogado na empresa Oliveira Advogados Associados_
Paulo Afonso – BA