22 de novembro de 2024 18:18

Entrevista com o médico infectologista Antônio Bandeira*

Redação PA Notícias

Telemedicina como aliada no cuidado dos pacientes

Por causa da pandemia da Covid-19, o Conselho Federal de Medicina aprovou o uso da telemedicina. A princípio, como uma excepcionalidade para permitir o acesso das pessoas em isolamento social ao atendimento médico, mas tudo indica que essa é uma modalidade que será confirmada, mesmo após a pandemia.

O infectologista Antônio Bandeira tem atuado no tratamento de pacientes com Covid-19 em ambulatório e em internação hospitalar como unidades de tratamento intensivo, desde os primeiros casos na Bahia. Diante da grande procura por atendimento, o especialista passou a atender também por teleconsulta.

Desse modo, consegue cuidar de pacientes que tenham suspeita ou confirmação de diagnóstico de Covid-19 e outras doenças sem que a pessoa precise se deslocar até o consultório ou hospital. Ampliou assim a possibilidade de atender pacientes que não moram em Salvador.

Nesta entrevista o médico infectologista Antônio Bandeira explica por que o acompanhamento constante, presencial ou à distância, é fundamental para que se tenha melhor prognóstico na evolução da doença.

A Covid-19 é uma doença de evolução muita rápida e imprevisível. Por que é importante o médico acompanhar o paciente de forma constante?

O médico tem que fazer o “acompanhamento precoce”. Essa é a estratégia apropriada para atuar a cada momento na história natural da Covid-19. Um paciente pode mudar rapidamente de evolução e fazer esse diagnóstico, tratar a doença a cada mudança que ela produz no organismo pode ser decisivo para resgatar um doente e não o deixar piorar. Não permitir o paciente agravar, conseguindo frear o processo inflamatório no momento certo, com a medicação apropriada para aquele momento.

O paciente pode tomar as medicações necessárias em casa?

O paciente pode tomar as medicações em casa quando assistido pelo médico que o esteja acompanhando. É esse o caminho para o paciente conseguir evoluir bem, muitas vezes, sem necessidade de ser internado. Mas nunca desassistido. Nunca sozinho: ele precisa do seguimento conjunto com o médico.

Quando saber se é necessário o internamento?

Somente o médico pode saber o momento para internação do paciente.

Mesmo internado em hospital fora de Salvador, o senhor pode manter o acompanhamento do paciente e instruir as equipes assistenciais?

Mesmo à distância o médico pode orientar os pacientes. Eu mesmo já orientei ações em outros estados, tanto por meio da Telemedicina quanto por meio de contato com os profissionais médicos que estavam assistindo o paciente em outro estado.

Quais os riscos de não receber acompanhamento no início da Covid-19?

Os riscos são altos quando não se acompanha o paciente desde o início da doença. Isso porque a Covid-19 pode evoluir de forma muito diferente de paciente para paciente. E assim uma pessoa pode precisar de uma intervenção mais precoce do que outra. E nunca o paciente é capaz de se autodiagnosticar e muito menos se automedicar.

*Antônio Bandeira: médico infectologista, especialista em arboviroses, participa como pesquisador e médico do Ensaio Clínico da Vacina da Dengue do Instituto Butantan e de inúmeras pesquisas relativas à Covid-19, inclusive com a descrição de casos de reinfecção pelo SARS-CoV-2. Exerce atividades na Secretaria de Saúde do Estado da Bahia, onde coordenou o Comitê de Enfrentamento da Covid-19 e coordena o Serviço de Infectologia do Hospital Aeroporto. Professor da Faculdade de Medicina de Tecnologia e Ciências e preceptor da residência médica em Infectologia do Hospital Couto Maia.

Luma Agra <luma@triciclocomunicacao.com.br>

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