Servidores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) iniciaram uma greve por tempo indeterminado em toda a Bahia na segunda-feira (28). A categoria suspendeu os atendimentos em todas as sete gerências e 140 postos de atendimento do estado.
Na quarta-feira (30), de acordo com a Associação Nacional dos Médicos Peritos (ANMP), a perícia médica federal também entrará em greve. “Durante muito tempo, a categoria se esforçou para desenvolver o diálogo e para oferecer alternativas menos onerosas do que a paralisação total, mas não recebeu tratamento semelhante por parte do governo, circunstância essa que acarreta, nesse momento, a adoção dessa medida extremamente grave”, declarou a ANMP, em nota.
Além da Bahia, servidores do INSS de 19 estados já aderiram ao movimento. A categoria alega que o governo federal não considerou a pauta de reivindicações dos trabalhadores que não têm reposição salarial há três anos.
Eles também defendem a realização de concurso público para a carreira da Previdência Social, uma vez que a falta de quadro funcional no órgão está provocando o represamento de mais de 1 milhão de processos de aposentadorias em todo o Brasil. Na Bahia, o déficit de pessoal chega a 1 mil trabalhadores.
De acordo com o coordenador do Sindicato, Edivaldo Santa Rita, as perdas apontam para a necessidade de um reajuste de 19,9%. “A nossa pauta de reivindicações foi entregue ao governo há dois meses e vai muito além do aumento salarial. Queremos a contratação de servidores e condições de trabalho dignas, pois há agências do INSS sem água e climatização. Vamos decretar greve por tempo indeterminado”, disse.
O diretor da entidade, Valdemir Medeiros, afirmou que os servidores públicos estão enfrentando um massacre do governo Bolsonaro. “É necessário que o governo abra concurso público, pois o segurado chega a esperar dois anos por uma análise de benefícios e muitos morrem aguardando. Precisamos repor o quadro de servidores para não penalizar ainda mais a população”, contou.
Procurada, a assessoria do INSS na Bahia informou que não vai falar localmente sobre o assunto porque é uma demanda nacional. “Aguardando se a direção central vai se posicionar”, declarou.
Agendamento
De acordo com o instituto, as pessoas podem conseguir agendar serviços do INSS de forma remota pela Central 135 ou aplicativo/portal Meu INSS. Os principais serviços disponíveis na plataforma são pedido e acompanhamento de aposentadorias, benefício assistencial e pensão por morte, pedido do salário-maternidade, de auxílio-doença, consulta à revisão do benefício, pedido de recurso de benefício e certidão de tempo de contribuição.
Além disso, é possível encaminhar documentos digitalizados pelo aplicativo Meu INSS e acompanhar o andamento do pedido pelo app ou pela central 135 com o protocolo de requerimento.
A advogada previdenciária do INSS Carla Vitória explica que a orientação dos advogados aos clientes estava sendo procurar as agências, mesmo com os servidores em greve, porque ainda estavam ocorrendo as perícias médicas. “A partir de quarta, com a greve dos peritos também, o impacto é absurdo, não vai ter mais perícia médica, e talvez ela retome de forma remota, e também não vai ter o servidor para concluir a análise dos serviços administrativos. Vamos voltar a depender exclusivamente do Poder Judiciário”, explicou.
Segunda Carla, a orientação agora é que os beneficiários procurem um advogado para recorrer ao judiciário. “Temos que aguardar, infelizmente, para saber quais serão as possibilidades que o INSS vai oferecer pra gente, se vai voltar a ter a perícia remota, que foi o que aconteceu durante a pandemia. As pessoas não podem ficar prejudicadas”, disse a advogada.
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