O vice-governador João Leão (PP) cutuca a estratégia do PT de evitar divulgar fotos com medalhões do MDB baiano, como Geddel e Lúcio Vieira Lima.
“Quem anda querendo esconder certos políticos e novas alianças não sou eu”, provoca o ex-aliado do grupo liderado pelo governador Rui Costa (PT), hoje pré-candidato ao Senado na chapa encabeçada por ACM Neto (União Brasil) ao governo.
Nos últimos dias, após o rompimento com o vice, Rui tem tentado de todas as formas ligar Leão ao centrão e ao bolsonarismo. Para o vice-governador, trata-se de uma “narrativa de quem está com medo de perder a eleição”.
“Eu não entro nessa. Meu candidato a governador é Neto. Meus adversários são os pré-candidatos ao Senado e ponto. Junto com Neto, vamos buscar os votos do povo baiano que têm esperança de uma nova Bahia”, diz o pepista.
“Respeito todos os meus adversários. Se tem uma coisa que é característica minha é o seguinte: eu não tenho um ex-amigo, não cultivo inimigos. Então, não vou fazer o que eles têm feito comigo, falando mal de mim depois de 14 anos de aliança e muito trabalho”, afirma.
Confira a íntegra da entrevista que concedeu a este Política Livre:
Política Livre: Quais características o senhor avalia como necessária hoje para compor a vice na chapa encabeçada por ACM Neto na disputa pelo governo do Estado?
João Leão: Essa decisão é exclusiva do nosso pré-candidato ao governo da Bahia, ACM Neto. A condução é dele. Mas uma coisa eu tenho certeza: seja quem for o escolhido ou escolhida, vai reforçar nosso time e vamos caminhar rumo à vitória, no primeiro turno, bonitão.
Fala-se muito em combate às Fake News e o PT é um dos que encampam esse tema. Mas, apesar do acordo que houve para o senhor assumir o governo estadual, o governador Rui Costa apresenta uma outra versão. A disputa eleitoral que se avizinha será mais sobre versões do que sobre fatos?
O próprio governador confirmou o acordo, em entrevista à Rádio Sociedade. Tentou negar, se atrapalhou todo e confirmou. A verdade é cristalina, ela sempre aparece. Além disso, o senador Wagner falou do acordo na entrevista a Mário Kertész, quando anunciou o descumprimento do acordo sem sequer me avisar antes. Depois gravou um vídeo pedindo perdão. Ora, quem pede desculpas é porque cometeu um erro, ou não é? Então, o povo da Bahia já viu quem falou a verdade e quem tentou criar narrativas. Eu sigo em paz, de cabeça erguida e falando a verdade.
A Bahia tem hoje os piores índices de educação e o pré-candidato petista é o secretário da pasta que teve uma atuação pouco eficaz para reverter esse quadro. Como avalia esse atual quadro da educação no estado?
Eu quero falar de futuro. Neto e eu estamos empenhados em construir uma plataforma de governo que priorize uma educação integrada, inovadora e conectada com o que há de mais moderno na gestão do ensino. Para formarmos, além de alunos, empreendedores, para mudarmos a mentalidade dos nossos jovens e prepará-los como agentes de transformação da Bahia, não apenas para o mercado de trabalho. Temos estudado modelos bem sucedidos de capacitação e educação, como Senai-Cimatec, SESI, Senac, Senar. Queremos unir estado e iniciativa privada, setor produtivo, para ampliar o conhecimento dos alunos. É isto o que queremos, colocar a Bahia no mais elevado patamar de educação do Brasil.
Para o senhor, foi um erro do time adversário, liderado por Rui Costa, escolher Jerônimo Rodrigues para encabeçar a chapa diante dos baixos índices da educação na Bahia?
Foi um acerto meu caminhar com Neto, um gol de placa. Ganhei um ‘netinho’. Além disso, ACM Neto é o político mais preparado para governar a Bahia e fazer o estado avançar. É no que tenho focado. O que passou está no passado, não me pertence mais.
Existe acordo para o PP assumir a Assembleia Legislativa da Bahia se ACM Neto for eleito? O PP tem esse desejo?
Nosso acordo é uma aliança forte para juntos transformarmos a Bahia. Nosso acordo é eleger Neto governador, Leão senador e fortalecer as bancadas estaduais e federais dos partidos que estão nesta base de sustentação da majoritária encabeçada por Neto.
O governador Rui Costa disse que, com a ida do PP para a base de Neto, o quadro é: o centrão e bolsonaristas de um lado e a turma de Lula do outro lado. Como o senhor vê essa declaração?
Parece narrativa de quem está com medo de perder eleição. Eu não entro nessa. Meu candidato a governador é Neto. Meus adversários são os pré-candidatos ao Senado e ponto. Junto com Neto, vamos buscar os votos do povo baiano que têm esperança de uma nova Bahia. Agora, quem anda querendo esconder certos políticos e novas alianças não sou eu.
Avalia Geraldo Júnior na chapa de Jerônimo como uma resposta do grupo de Rui Costa por ter “perdido” o senhor para Neto?
Respeito todos os meus adversários. Se tem uma coisa que é característica minha é o seguinte: eu não tenho um ex-amigo, não cultivo inimigos. Então, não vou fazer o que eles têm feito comigo, falando mal de mim depois de 14 anos de aliança e muito trabalho, pois suei, rodei essa Bahia, vocês da imprensa sabem, para poder trazer obras, projetos, investidores, para ajudar a desenvolver nosso Estado. O que sei é que Neto ganhou um avião, ou melhor, um Leão, que vai trabalhar muito para eleger essa chapa majoritária, nossos deputados, e depois para continuar ajudando o povo da Bahia.
Mateus Soares