23 de novembro de 2024 15:51

Entrevista com Luiza de Deus: “entraram com uma política suja e pessoal contra mim”

Redação PA Notícias

Em entrevista à jornalista Ivone Lima a advogada Luiza de Deus, que foi candidata a deputada estadual pelo Progressistas na Eleição do dia 2 de outubro, mais não conseguiu os votos necessários para se eleger,(em Paulo Afonso – 11.731 votos (19,81%) e na Bahia 21.659 votos), faz um balanço geral e de acontecimentos durante a campanha, destaca que a política que ainda é praticada em Paulo Afonso é uma política antiga com as quais não concorda e que em quatro meses conseguiu mostrar que Paulo Afonso não estava acostumada com pessoas combatentes, que enfrenta dificuldades. Com a relação à gestão municipal Luiza diz que pretende participar porque quem lhe confiou o voto quer ver ela como figura pública como integrante do governo municipal.

“Eu tive dificuldade de encarar a política que ainda é praticada, coisas antigas com as quais eu não concordo. Outra coisa que me desagradou foram as ofensas pessoais, que não tinham a ver com questões políticas, mais sobre mim, de falar sobre a minha família, achei muito negativo. Falaram da minha índole, sobre o meu casamento e misturaram mentiras como meio de tentar manchar uma figura para ganhar em cima disso, para mim não são práticas de boa política”.

Veja a entrevista completa

Ivone – Só quando entraram na sua vida pessoal você percebeu que políticos não medem consequências?

Luiza de Deus – Poxa! Me surpreendeu porque é um tipo de política que, embora inda seja praticada, quando é você a pessoa vítima e você se esforça para fazer diferente e continua vendo que acontece, e vindo de pessoas que dizem não quererem mais àquele tipo de política, é decepcionante.

Ivone – Se fosse seu irmão, Luiz, o candidato, você acha que ele teria a vida íntima exposta?

L D – Não. Tenho certeza que não. É um enfrentamento que a mulher passa até de forma inconsciente.

Ivone – Em resumo, você crer que enfrentou questões de gênero.

L D – Tudo é mais difícil para a mulher. Quando você toma postura de ir para o embate enfrenta coisas que os homens não passam e comigo foi assim desde o início. “A Luiza agressiva”, “a Luiza imatura”, quando na verdade era exatamente o oposto. As pessoas faziam isto porque se sentiam fragilizadas, não se conformavam que ali era uma mulher, uma jovem que estava conseguindo combater muitas coisas.

Ivone – Vendo a eleição com essa distância, há arrependimento de ter optado pelo Progressistas?

L D – Arrependimento nenhum, estou muito satisfeita com a escolha que fiz e até mesmo pensando e projetando continuar buscando laços com o partido como um todo, sabe, ampliar isto. A oportunidade da eleição me deu a condição de estar junto a outras pessoas do partido em Salvador, criar relações, eu quero continuar.

Ivone – Mesmo nos momentos de tensão, em que a aliança entre você e Mário Jr era posta em questão, como você se sentia quando a gente noticiava que vocês seguiriam separados, o que isto afetava em sua campanha?

L D – Na campanha eu não sentia que me afetaria porque eu já enfrentava tantos obstáculos que estar ali eu sentia que era uma forma de protesto. Isso nunca me abalou. Não estou desmerecendo o apoio [de Mário Jr] foi importante e eu agradeço muito, e foi realmente salutar contornar e ter sido centrada nesse ponto, de afastar  e não dar margem à conversas, mas de coração, essas ameaças não me perturbavam; porém, eu não me sentia confortável em ser tratada como uma peça que poderia ser descartada, num cenário em que essa união era e foi proveitosa para ambos; eu não gostava de ouvir como se fosse assim “ah, vamos romper”, “ah a gente tira, a gente coloca, a gente afasta ela”; em determinado momento eu vi que tinha que me impor e dizer: “não é assim, eu também tenho a minha importância em todo esse processo”, e eu fiz. Hoje eu tenho orgulho de ter acabado com essa conversa, de mostrar que eu não era um produto de prateleira. Então tudo foi conduzido como tinha que ser e eu sou grata de ter finalizado o ciclo.

Ivone – Você acha que poderia ter tido uma votação maior, francamente?

L D – Olha Ivone, eu realmente fiz tudo o que estava ao meu alcance para ser eleita e era a minha maior intenção. Todas as articulações possíveis de serem feitas eu fiz, claro que existiam muitas limitações como o tempo, os arranjos políticos que estavam feitos, mas eu não me paralisei diante dos obstáculos, nunca foram fatores para eu desistir. A questão da votação, eu esperava mais, claro, era o que eu queria. Dentro do que eu pude estou satisfeita com o resultado. Em relação a Paulo Afonso eu fiquei satisfeita com a certeza de que ela poderia ter sido maior, não fossem as divisões, as questões de grupo, e a concorrência de candidatos povoando para pontuar apenas de forma local, entendo que poderia alcançar mais, porém, isto não significa muito para mim, eu não estava numa eleição para disputar quem teria mais votos em Paulo Afonso; eu vi isso nos meus adversários, eu sempre disse: minha preocupação é ser significativa, e agora eu vejo que cresci politicamente e enfrentei um adversário que se dizia ser hegemonia na cidade [Galinho PSDB] e percebeu que não, foram seis anos fazendo uma mesma política e uma mesma campanha e, uma menina, entre aspas, em quatro meses conseguiu mostrar que não é bem assim. Paulo Afonso não estava acostumada a pessoas combatentes, que enfrenta dificuldades.

Ivone – Nas questões locais, seu avô [Luiz de Deus PSD] tinha muita emoção, porém, ficou a impressão de que ele fez pouco dado o tamanho dessa prefeitura, para elegê-la, qual foi o peso de Luiz de Deus na sua votação?

L D – Teve peso positivo sim. Mas serviu de lição – especialmente para os meus oponentes que diziam que eu só conquistaria alguma coisa por força da máquina, de Luiz, eu mostrei que não. Porque a sua percepção é verdadeira, a prefeitura não trabalhou para mim como tentaram mostrar, mas quem quer ver sabe que isto não é verdade. Isso serve para mostrar que de fato, ele, Luiz de Deus não é o político que a oposição diz que ele é.

Ivone – E agora, vamos ficar sem Luiza?

L D – Vou agradecer, ir aos lugares em que fui bem acolhida, será uma rotina na minha vida ir a esses lugares. Vou colaborar dentro das minhas possibilidades. E no que diz respeito à gestão municipal eu pretendo e espero participar. Eu entendo que quem confiou o voto em mim quer me ver como figura pública gerindo algo.

A entrevista terminou com Maria Olívia, filha de Luiza, querendo colo. Luiza passou por momentos de ansiedade intensa, estresse e satisfação. Sempre acompanhada pelo pai, Luiz Humberto, ainda inconformado com o nível de baixaria que Luiza enfrentou. Felizmente, parte dessas coisas não chegaram às redes sociais e a imprensa. “Tudo foi encaminhado à polícia”, diz Luiz Humberto.

Vale registrar que Luiza continua sua torcida pelo candidato ACM Neto (União) e que vai voltar logo às manchetes como integrante do governo municipal.

 

por Ivone Lima

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