No primeiro mês do ano é realizada a campanha “Janeiro Roxo”, que visa conscientizar a população contra o estigma e o preconceito vinculados à hanseníase, uma doença crônica e infectocontagiosa.
Causada pela bactéria Mycobacterium leprae, a Hanseníase é caracterizada por manchas com alterações na sensibilidade, afetando, principalmente, membros superiores, inferiores, podendo afetar a visão. Se não tratada no tempo oportuno, a doença pode levar à incapacidade permanente.
Na Bahia, segundo dados preliminares de 6 de janeiro de 2023, publicados pela Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), apenas em 2022, foram registrados 1.537 casos novos da doença. Deste total, 51 casos foram entre crianças menores de 15 anos. Já em 2021 foram notificados 1.520 casos novos, sendo que 43 foram em crianças e adolescentes. No período de 2013 a 2022 foram notificados 20.432 casos, destes 1.243 em crianças e adolescentes até 14 anos.
Diante deste cenário, o ortopedista, Diretor da Associação Bahiana de Medicina (ABM) e professor da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública, Dr. Jorge Jambeiro, ressalta a importância da campanha Janeiro Roxo, principalmente para chamar a atenção dos poderes públicos para a necessidade de mais investimentos para o controle da hanseníase e para reacender a discussão técnica e política sobre a problemática que envolve a doença. Outro ponto ressaltado pelo médico é o fato de a doença ainda ser vista com muito preconceito.
“Esse é um período pontual para discutir e refletir sobre a Hanseníase como problema de saúde pública e potencializar as ações para sua eliminação. Momento de ampliar a discussão sobre as formas de contágio e reforçar que a Hanseníase tem cura e depende do diagnóstico precoce e tratamento adequado. Com informação qualificada, conseguiremos desconstruir o estigma e preservar os direitos do doente”, destaca.
Dr. Jambeiro também chama a atenção para o fato de que a doença, se tratada, não é transmitida e explica o sintoma.
“A única coisa que caracteriza a hanseníase é o distúrbio de sensibilidade. Logo, se uma determinada mancha for insensível ou tiver menos sensibilidade nesse local que outra região sem mancha, será hanseníase. Caso a sensibilidade seja normal, não é hanseníase. Ao perceber, a pessoa deve procurar uma unidade básica de saúde. Isso deve ser feito também por pessoas da família que moram com o paciente ou que tiveram contato prolongado e próximo com ele, porque elas têm maior risco de adoecimento”, explica.
Ao contrário do que se imagina, a hanseníase não está presente apenas em locais mais carentes e sem saneamento básico, podendo ocorrer em todas as camadas da sociedade. É importante ressaltar que qualquer indivíduo pode ser acometido.
Cirurgia – Dr. Jambeiro foi o responsável por realizar a primeira cirurgia de Hanseníase no Instituto Couto Maia (Icom), em 28 de agosto de 2018.
Antes de realizar a cirurgia, o diretor da ABM relembrou que o Instituto foi construído onde antigamente havia o Hospital Dom Rodrigo de Menezes (antiga Colônia para Leprosos), local em que ele trabalhou por quase 25 anos, onde deu início às cirurgias para tratar as sequelas e prevenir as incapacidades provenientes da hanseníase, e onde treinou inúmeros ortopedistas nas cirurgias que envolviam a patologia.
Assessoria de Imprensa ABM – Associação Bahiana de Medicina