Conselho Estadual de Saúde solicita que a prefeitura cobre a AMBEV responsabilização por melhores condições para os ambulantes
Nas últimas semanas o que tem se visto é o desrespeito com os trabalhadores ambulantes da cidade de Salvador, que têm se reunido em uma enorme fila na porta da Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop) para obter licenças de trabalho nos circuitos do carnaval da capital baiana.
As queixas por conta do credenciamento virtual vêm sendo marcadas por muita confusão, e mesmo após o encerramento do credenciamento a população se mantém no local com pedidos para que o cadastro seja retomado de forma presencial.
Mas até onde vai esse descaso? Não há preço que pague a exposição que esses trabalhadores estão tendo com a ampliação do seu adoecimento mental e as condições desumanas, em que estão sendo submetidos para conseguir ter um sustento nos festejos carnavalescos.
As situações de estresse, as quais estão sendo condicionadas, afetam diretamente a sua saúde mental, principalmente em um momento pós pandemia, em que a ansiedade, estresse e depressão foram potencializados.
“Essas pessoas estão sendo expostas a condições desumanas, de irritabilidade, ansiedade e várias outras questões que se potencializaram após o processo da pandemia. E não tem nem nenhum tipo de atenção e/ou suporte. Eles estão há 2 anos esperando para retomar as atividades no carnaval, e têm que se deparar com esse descaso”, afirma Marcos Sampaio- presidente do Conselho Estadual de Saúde da Bahia.
A dificuldade da população em não aceitar as inscrições no formato virtual, também se dá pelo fato da dificuldade de inclusão digital. “A população ainda tem dificuldade em ter acesso a determinadas funções nos aparelhos eletrônicos. Uma coisa é ter seu whatsapp e redes sociais para comunicação, e outra é saber manusear diversas ferramentas”, afirma Marcos Sampaio.
Não somos contra o cadastramento virtual, mas nossa sugestão é que ao menos pudesse ser feito nas duas modalidades, com uma quantidade igualitária de vagas disponíveis.
Segundo o presidente do CES-BA, a prefeitura não deve se comportar como representante dos interesses de uma cervejaria, mas sim impor algumas condições que podem ser “reparatórias” para essas pessoas.
É necessário que a Ambev se responsabilize pela implementação de espaços que tragam mais conforto e garantia de qualidade no trabalho para as pessoas que estarão atuando no circuito do carnaval, entre eles: acomodação para descanso no circuito do carnaval, banheiros, disponibilização de alimentação e espaços para que os filhos desses trabalhadores possam ficar em segurança enquanto os seus pais trabalham.
Além disso, a cervejaria também deveria arcar com os pagamentos das pessoas credenciadas ao invés de fazer cobranças de taxas de licenciamento. “O dono da AMBEV e seus representantes deveriam se envergonhar ao assistir tamanho descaso”.
“A cada ano que passa, nós acreditamos que o direito de exclusividade é na verdade o direito de exploração do trabalhador da cidade”, afirma o presidente do Conselho Estadual de Saúde da Bahia, Marcos Sampaio.
O que é visto, é que em todos os carnavais são convocados trabalhadores, (em sua maioria de pele negra) principalmente para atuar em serviços que exigem trabalho pesado, como: os cordeiros, ambulantes, seguranças, catadores de resíduos sólidos. E que são justamente pessoas negras, vindas de bairros periféricos de Salvador.
Assim, é notório que o trabalhador possui um lugar demarcado e um perfil direcionado a essas atividades.
Hillary Fonseca- Assessoria
Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE