As dificuldades que crianças autistas enfrentam para gestos como dar “tchau” ou apontar com o dedo indicador podem ser explicadas pela relação entre o sistema motor e a linguagem, integrados no cérebro. Esses comportamentos envolvem áreas cerebrais como o córtex pré-motor e a área de Broca, ambos responsáveis por planejar movimentos e funções linguísticas. Gestos e fala compartilham redes neurais devido à sua evolução interligada, onde gestos manuais antecederam e colaboraram para o desenvolvimento da comunicação verbal.
Dar “tchau” exige planejamento motor e compreensão social, além de envolver habilidades de imitação e intenção comunicativa. Já o ato de apontar com o dedo indicador envolve o controle motor fino, intencionalidade comunicativa e integração com a fala para indicar algo e compartilhar a atenção com outra pessoa. Essas ações estão relacionadas ao funcionamento do sistema de neurônios-espelho, que permite imitar e compreender ações de outros, e aos gânglios da base, que regulam a fluidez e a sincronização dos movimentos com a fala.
Em crianças autistas, alterações no sistema de neurônios-espelho, dificuldades no planejamento motor ou déficits na intencionalidade comunicativa podem comprometer a execução desses gestos. Além disso, a sincronização entre movimentos das mãos e da fala pode ser afetada pela forma como o cérebro dessas crianças processa estímulos sociais e motores, dificultando a combinação de gestos e linguagem verbal. Assim, essas dificuldades não são isoladas, mas sim reflexo de uma integração neurofuncional desafiada, evidenciando a importância de intervenções que trabalhem gestos, fala e cognição social de forma integrada.
Com amor e ciência,
Por Fonoaudióloga Christianne Rodrigues
