24 de novembro de 2024 20:31

Agricultor ensina técnicas de agrofloresta para mudar realidade de famílias na Bahia

Redação PA Notícias

Com o objetivo de prover assistência técnica gratuita a pequenos produtores rurais da região do litoral norte e agreste baiano, a Bracell, por meio de parcerias técnicas com instituições como a Jurema Consultoria e Assessoria Agronômica e Ambiental, realiza diagnósticos, orientações e acompanhamento de atividades agrícolas e pecuárias. O projeto, do qual Jurandi é um dos facilitadores, incentiva e orienta os produtores a adotarem técnicas agroecológicas de cultivo, evitando o uso de defensivos químicos em suas propriedades.

Em 2019, o projeto beneficiou 131 famílias rurais em 41 comunidades de 11 cidades baianas e foi especialmente focado na implantação de sistemas agroflorestais nas EFAs de Alagoinhas e Rio Real. O objetivo ao consorciar várias culturas, inclusive o eucalipto, é contribuir para o incremento da renda de pequenos agricultores e suprir parte da demanda por madeira proveniente de plantios sustentáveis na região.

Agricultor especializado no sistema agroflorestal, Jurandi Anunciação tem um sonho: quebrar paradigmas quanto à ocupação do solo, transformando espaços subaproveitados em áreas produtivas e acessível às famílias rurais.

Para isso, ele não mede esforços ao ensinar a técnica de cultivo agroflorestal, que visa a melhorar a eficiência e uso de recursos naturais, aos alunos das escolas Família Agrícola (Efar) de Alagoinhas e Região e de Rio Real (Efaln).

A técnica consorcia a cultura de dezenas tipos de plantas em uma mesma área, combinando flores, legumes, frutas, verduras, tubérculos e espécies madeireiras, como o eucalipto. Desta maneira, o sistema agroflorestal permite o maior aproveitamento do solo, enriquecendo-o com as diversas espécies vegetais, promovendo a sustentabilidade da atividade e assegurando fontes de renda mais perenes ao homem do campo.

Na unidade que fica na região do Riacho da Guia, zona rural de Alagoinhas, esse método é desenvolvido em uma área de 625 m². “Dá para se produzir muito em uma pequena área, se trabalharmos da forma correta. Quando trabalhamos com a perspectiva de criar vida, trazer mais elementos, micro-organismos e animais, como pássaros e roedores, tudo melhora”, afirma. No experimento na área da escola, foram inseridos 47 diferentes tipos de plantas, entre nativas e exóticas, como aipim, pinha, jaca, manga, banana, feijão de porco, moringa, umburuna, flores e eucalipto.

“Elas vão produzir em diferentes momentos, de modo que uma ajuda a outra. A gente trabalha com plantas criadoras, protetoras e nitrogenadas. A natureza trabalha desta forma, não tem competição. Todas as plantas têm seu valor por igual. E tem ainda a questão do manejo, que é um trabalho bem delicado e complexo, mas sustentável”, explica o agricultor.

A proposta é a de que os alunos se tornem multiplicadores dos conhecimentos em suas comunidades. “A gente está tentando equilibrar o espaço para que ele se torne um livro para as pessoas tirarem dúvidas sobre o que fazer em suas propriedades. O meu sonho é ver muita gente fazendo isto, cuidando do solo, tendo uma alimentação melhor e deixando o espaço com outro olhar, outra vida para filhos e netos. Não adianta ter muita terra e não ter alimento”, diz Jurandi.

Na opinião dele, o sistema agroflorestal pode ajudar a promover transformações sociais que vão melhorar a qualidade de vida de quem trabalha com a agricultura de subsistência. “Para ter produção ali, não precisa esperar só os produtos de longos ciclos, tem de ter plantas de ciclos mais curtos que geram renda para custear a área”, conclui.

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