Candidata entrega Enem em branco e recebe nota acima do mínimo

 Candidata entrega Enem em branco e recebe nota acima do mínimo

Professora se inscreveu só para levar caderno de provas para cursinho. Ela chegou a receber até quatro pontos a mais que a nota mínima.

A divulgação das notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) chamou a atenção da professora de física Mônica Soares Nunes, de Campinas (SP). Ela se inscreveu para a prova somente para poder levar embora o caderno de questões para o cursinho Oficina do Estudante, onde trabalha, para ser usado na elaboração da resolução das questões. Mônica entregou o gabarito da prova em branco e teve notas superiores à nota mínima do Enem. Em nota, o  Ministério da Educação diz que a nota mínima é para estudantes com necessidades especiais, e a nota atribuída à professora é a para candidatos “convencionais”.

Em ciências humanas e suas tecnologias, a pontuação mínima foi de 252,6. Em ciências da natureza e suas tecnologias foi 265,0. Nas provas de linguagens, códigos e suas tecnologias, a menor nota registrada foi 301,2. Em matemática e suas tecnologias, a nota mínima foi 321,6.

As notas da professora foram: 252,9 pontos em ciências humanas (0,3 maior que o mínimo); 269,0 em ciências da natureza (4,0 pontos a mais); 304,2 em linguagens (3,0 pontos a mais). Somente a nota de matemática foi igual à mínima, 321,6 pontos.

“Eu até dormi durante a prova. Só podia sair com o caderno na última meia hora de exame. Respondi apenas as questões de física, mas não passei para o gabarito”, relata Mônica.

Ela diz que decidiu entrar no site do Enem para ver suas notas depois de receber queixas de alunos descontentes com o resultado do exame. “Fiquei muito surpresa. Entrei para ver meu resultado imaginando ver meus ‘montes de zeros’. Descobri em uma nota do Inep (autarquia do Ministério da Educação responsável pela organização do Enem) que eu não deveria ficar com zero, mas com as notas mínimas de todas as provas. Mas eu só tive nota mínima em matemática e nota zero em redação.”

Pela Teoria da Resposta ao Item, metodologia usada na correção do Enem, não existe nota zero nas provas objetivas, mas sim uma nota mínima. Em nota técnica, o Inep afirma: “uma pessoa que erra todas as questões recebe o valor mínimo do teste, e não uma nota zero, pois não pode-se afirmar a partir do teste que ela possui zero conhecimento”.

Mônica questionou as notas no serviço “Fale conosco” do Inep. Em resposta, o órgão alegou que “as diferenças devem-se ao fato de que no Enem algumas adaptações são necessárias para adequar o caderno de provas aos candidatos com necessidades especiais, o que pode ocasionar pequenas variações nos valores mínimo e máximo.”

A professora diz que não tem necessidades especiais e nem fez nenhum pedido a este respeito no ato de sua inscrição no Enem. “Fiz a mesma prova que todo mundo.”

O coordenador pedagógico do cursinho, Célio Tasinafo, confirmou que a professora se inscreveu para o Enem apenas para buscar a prova para o cursinho. “Na Fuvest e Unicamp não é possível sair com o caderno de provas, só é possível pegar as provas no site oficial.” Ele afirmou que outros professores também fizeram a prova, mas para passar o tempo responderam às questões e entregaram o gabarito.Do G1

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