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Chico Buarque dedica noite de estreia no Rio a Oscar Niemeyer
Cantor homenageou arquiteto de 104 anos, que estava na plateia.
Músico carioca não se apresentava na cidade desde 2007.
Uma homenagem surpresa marcou a volta de Chico Buarque aos palcos cariocas na noite de quinta-feira (5), no Vivo Rio, casa de espetáculos da Zona Sul da cidade. Próximo ao fim do show, o primeiro no Rio de Janeiro desde 2007, o músico desviou a atenção do público (e consequentemente dos holofotes) para uma presença especial na plateia.
“Gostaria de dedicar esta noite ao meu querido amigo Oscar Niemeyer”, disse Chico, puxando palmas para o arquiteto de 104 anos, recém-completados em dezembro último. A carinhosa saudação tomou uma rápida proporção de delírio coletivo e fez com que Niemeyer, que assistiu ao show na primeira fila, acabasse sendo aplaudido de pé por pessoas acomodadas em todos os setores da casa.
Mas Niemeyer não foi o único agraciado da noite. De maneira mais comedida, porém igualmente delicada, Chico dá um jeitinho de relembrar parceiros e pessoas queridas ao longo dos cerca de 90 minutos de apresentação. Como Tom Jobim, seu eterno “maestro soberano”, com quem compôs “Anos dourados” e “A violeira”; Edu Lobo, colaborador em “Choro bandido”, “Valsa brasileira” e “Carreira” (esta última encerra o show). Ou a namorada, a cantora Thais Gullin, também presente ao Vivo Rio, para quem canta “Essa pequena” (“Meu tempo é curto, o tempo dela sobra / Meu cabelo é cinza, o dela é cor de abóbora”).
É o apito de um trem, parte da introdução da canção “O velho Francisco”, que anuncia a volta do malandro à sua praça, o Rio de Janeiro, cerca de 25 minutos depois do horário previsto (o show estava marcado para 21h). Elegantemente vestido de preto pelas mãos do figurinista Cao Albuquerque, Chico Buarque demonstrou nervosismo no início do show. Parecia excessivamente concentrado nas letras e nos acordes das primeiras músicas do espetáculo, dentre elas “Desalento”, gravada no clássico álbum “Construção”, de 1971; e “Injuriado”, esta mais recente, incluída no CD “As cidades”, de 1998.
Mas a fisionomia tensa ficou para trás durante “Rubato”, faixa de seu trabalho mais recente, “Chico”. Foi quando o compositor largou o instrumento, tirou o microfone do pedestal, passeou pelo palco e brincou com Jorge Helder, coautor da música. “Este é o baixinho baixista, meu parceiro comparsa nesta música”, divertiu-se Chico brincando com as palavras, uma de suas especialidades.
A banda, ao lado do repertório infalível acumulado ao logo de mais de 40 anos de carreira, é um dos pontos fortes do show. Além de Hélder, Luiz Claudio Ramos (direção musical, arranjos, regência e violões), João Rebouças (piano), Bia Paes Leme (teclados e vocais), Wilson das Neves (bateria), Chico Batera (percussão), e Marcelo Bernardes (flauta e sopros) vêm acompanhando Chico pelos palcos nacionais e internacionais há décadas. É visível a intimidade dos músicos com o criador e as canções, transpostas para o palco sob a batuta do maestro Luiz Claudio.Do G1