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Educação e Ensino – Sempre Educação
Pela reação dos leitores, tenho que me considerar um otimista.
O feedback que recebo me faz pensar assim. Nem tanto! Não que não queira ser otimista. É bom ser otimista. As pessoas querem mensagens positivas. Querem crescer e ser felizes. É bom que seja assim. Já somos, nós brasileiros, a sexta economia do mundo. Quem poderia prever este resultado duas, três, quatro décadas atrás?! O Brasil cresce e estamos felizes. Breve seremos primeiro mundo. Em certos aspectos, já somos (Empresa de Correios ainda boa, sistema bancário eficiente, sistema eleitoral razoável, moeda forte, autonomia energética, liberdade de crença).
Somos gente grande. Deveríamos saber nos comportar. Mas lamentavelmente não sabemos. Adoramos esquecer que a quem se dá mais, se exige mais. Nos esquecemos que estamos desperdiçando muitos dos nossos talentos. Insistimos em estraçalhar o nosso sistema de ensino, a educação, as escolas. Anulamos o pesado investimento do governo em educação que, nos últimos anos, mais que triplicou.
Continuamos nos últimos lugares na tabela de classificação sobre educação e ensino comparados com outros países. Milhares de jovens irão para o exterior nos próximos anos, com bolsas de estudo pagas pelo governo, para adquirir a necessária qualificação para sustentar o nosso crescimento. O nosso sistema educacional, pasmemos, tem se mostrado incapaz de fazê-lo. Aquilo que temos estado bradando contra, como Dom Quixotes dos pobres, vocês e eu, durante anos, tem estado impiedosamente emperrando o nosso desenvolvimento. Todos que pensam são unânimes em afirmar que sem educação de qualidade não há crescimento; muito menos desenvolvimento. Mesmo os excessivamente teóricos tornam-se pragmáticos em relação a resultados.
A revista Veja do dia 21 de dezembro publicou uma excelente análise da educação na China. Veja foi de uma felicidade absolutamente oportuna ao mostrar que a China cresce porque os chineses não permitiram o descarte ou o escanteamento de princípios fundamentais para o sucesso de qualquer sistema. Escola é academia e estudante é aquele que estuda. O professor é o condutor do processo educacional e não o animador do picadeiro. O aluno vai para a escola, lê e estuda na biblioteca antes das aulas. Almoça, vai embora, e faz os seus deveres de casa.
Nas salas de aula, acima do quadro de giz (o jornalista da Veja não viu excesso de geringonças eletrônicas), a bandeira da China. Bandeira e hino nacional agregam e reforçam o sentimento de pátria e nação. Os professores são incentivados a saber a matéria que ensinam. Entre nós, ainda se pode ter a impressão que o professor, quanto mais sábio e conhecedor da matéria, mais preterido e mais antipatizado. As promoções quase sempre vão para os que trabalham os aspectos alegóricos. A China ainda é comunista, o partido é único e a economia é centralizada, mas o governo não exige a ideologização do processo educacional. O professor está na sala para ensinar – assim esperam os pais e assim exige o governo.
A China cresce a passos largos e nós vamos andando. Tombo aqui e tombo acolá, vamos para a frente. Poderíamos estar correndo como lebres. Temos todas as condições para correr. Nunca me esqueço de dois israelenses que visitaram Paulo Afonso. O dia todo lamentaram no meu ouvido de tradutor: Ah, se Israel tivesse um país como este!
O estudante chinês não bebe como bebemos, não se desgasta em baladas noturnas, estuda e não transforma a sala de aula em baderna ou terra de ninguém. O estudante da China, talvez motivado por séculos de colonização e desprezo, anela reconhecimento. Para o estudante chinês, aprender brincando não passa de uma falácia.
Francisco Nery Júnior