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Entenda o que levou Mário Negromonte a deixar o governo
Ministro das Cidades sofreu desgaste após série de denúncias na pasta. Ele é o sétimo ministro a deixar o governo após denúncias de irregularidade.
Mário Negromonte, que pediu demissão do cargo de ministro das Cidades na quinta-feira (2), iniciou seu segundo ano à frente da pasta isolado politicamente.
Indicado ao cargo pelo governador da Bahia, Jaques Wagner (PT), sofreu desgaste no ministério após uma série de acusações de irregularidades – que vão desde suposto favorecimento na destinação de verbas da pasta até suspeitas de fraudar documentos relativos à implantação de um novo sistema de transportes em Cuiabá (MT).
A presidente Dilma Rousseff chegou a elogiá-lo em evento oficial na Bahia, estado natal do ministro, mas, nas últimas semanas, Negromonte perdeu, segundo avaliação do Palácio do Planalto, apoio partidário para continuar no cargo. Seu partido, o PP, deve indicar o novo titular.
Negromonte é o nono ministro que sai do governo Dilma. Desses nove, sete saíram após denúncias de corrupção. Nelson Jobim deixou o cargo após declarações polêmicas, e Fernando Haddad saiu da Educação para disputar a eleição para prefeito de São Paulo.
Denúncias
Em agosto, reportagem da revista “Veja” acusou Negromonte de oferecer R$ 30 mil ao então líder do partido na Câmara para apoiar sua permanência no cargo. Em nota, ele negou a suposta oferta.
No mesmo mês, reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo” mostrava que, em menos de dois meses, o ministério havia liberado R$ 1,035 milhão para o município de Glória (BA), cuja prefeita, Ena Wilma, é mulher do ministro.
Em novembro, segundo reportagem do jornal “O Estado de S. Paulo”, ele pressionou funcionários do ministério a fraudar um parecer técnico que recomendava um sistema de transporte mais caro para Cuiabá na Copa do Mundo.
Na época, a diretora de Mobilidade Urbana do Ministério, Luiza Gomide, negou a fraude. Negromonte determinou, então, a abertura de sindicância interna para investigar o caso.
No mesmo mês, reportagem da revista “Época” dizia que o ministro usou o cargo para obter patrocínio estatal para a Festa do Bode, em Paulo Afonso, reduto eleitoral de seu filho, o deputado estadual Mário Filho, no interior da Bahia.
Ao participar de evento do governo da Bahia naquele mês, Negromonte chorou e criticou os adversários e a imprensa pelas denúncias. Disse que era alvo de “fogo amigo”, aliados que, segundo ele, teriam “interesse no ministério”.
“As denúncias vieram de parte da imprensa certamente insatisfeita com o governo federal, [que quer] enfraquecer a presidente Dilma. É uma mulher, existe discriminação. Existe discriminação com nordestino. Fizeram uma ilação sobre a Festa do Bode. Se fosse Festa da
Uva, da Maçã, certamente ninguém faria discriminação. Como a Festa do Bode é coisa de nordestino, o ministro é nordestino, tome cacetada”, disse Mário Negromonte.
Em janeiro, o jornal “Folha de S.Paulo” trouxe nova denúncia sobre Cássio Peixoto, ex-chefe de gabinete do ministro e que já tinha sido apontado em outras denúncias.
Segundo a reportagem, ele recebeu em seu gabinete um lobista e o dono de uma empresa de informática, que estariam interessados numa proposta milionária de informatização do ministério. O ministro teria participado de uma das reuniões, conforme o jornal.
No fim de janeiro, Peixoto foi exonerado. Dias depois, um outro servidor da pasta também foi demitido.Do G1