No Recife, até casa funerária vira tema para bloco de carnaval

 No Recife, até casa funerária vira tema para bloco de carnaval

‘Papa Defunto’ desfila nesta Quarta de Cinzas (22), em Casa Amarela. Organização espera reunir 30 mil foliões pelas ruas do bairro.

Quando chega a Quarta-Feira de Cinzas, muitos foliões estão mortos de cansados. Para quem ainda está ‘vivo’ e com vontade de brincar o carnaval, o bloco Papa Defunto desfila pelo bairro de Casa Amarela, na Zona Norte do Recife. A agremiação, fundada pelo dono de uma funerária e por moradores do bairro em 1997, tem saída prevista para as 20h30 desta quarta (22), da sede do bloco, na Avenida Norte.

A animação será feita pelas bandas Nó na Madeira, Quinteto Pernambucano, Z4 e Bonde do Frevo. No repertório, músicas de Alceu Valença e Capiba, além de frevos do próprio bloco como “Papo até Donzela” e “Alegria do Papa”, canções compostos por Ivanildo Queiroz, interpretadas pelo cantor pernambucano Almir Rouche.

O bloco surgiu devido à ausência de folia na noite da quarta-feira. “A gente estava no bar da esquina e não tinha nada para fazer na noite da Quarta de Cinzas. Os amigos me pediram para fazer comida, para a gente beber e ouvir música. Na primeira tentativa o bloco não saiu, mas no outro ano, mesmo sem dinheiro, alugamos um trio elétrico e uma banda. Conseguimos arrastar uma boa quantidade de gente e arrumamos bons patrocinadores”, relembra o presidente do Papa Defunto, Antônio Alves.

O caixão é o principal estandarte do bloco, em que um homem vai dentro dele. O coveiro Antônio Pereira, mais conhecido como Guaiamum, é o defunto “oficial” da agremiação. “Faz quase nove anos que eu só vou no caixão. A gente só morre no dia, por isso é bom brincar. Eu fico alegre quando vejo o pessoal atrás, naquela alegria”, disse Antônio.

Até mesmo o nome original da funerária foi modificado por conta do bloco. “Antigamente, o nome era Casa Forte, mas, por conta do bloco, muita gente começou a dizer que ia fazer o serviço funerário no ‘Papa’ e nós mudamos o nome para Funerária Papa Serviço”, acrescentou o dono do estabelecimento.

A trabalhadora autônoma Maria José Brandão conta que não gosta de brincar com a morte. “Deus me livre de entrar nesse caixão. Eu sentiria que estaria morta”, declarou. Mesmo quem não gosta de carnaval acha a ideia interessante. “Eu não curto, mas o bloco é uma alegria. Eu fico só olhando de longe, mas acho o máximo. Não vejo problema nenhum em brincar com a morte”, disse o trabalhador em serviços gerais Vladmir Lima.

“O carnaval de Pernambuco começa com o Galo da Madrugada e acaba com o Papa Defunto. As pessoas que não foram brincar carnaval nenhum dia e as que viajaram podem vir para o Papa. No bloco, a gente sai arrastando tudo o que é de ruim. Esperamos um público de mais de 30 mil pessoas”, concluiu o presidente da agremiação.

Serviço:

Bloco Papa Defunto

Nesta quarta (22), a partir das 20h30

Avenida Norte, nº 5600 – Sede do bloco, em Casa Amarela

 

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