Debate discute regulação do uso da internet proposta por projeto que tramita na Câmara dos Deputados

 Debate discute regulação do uso da internet proposta por projeto que tramita na Câmara dos Deputados

Rio de Janeiro – Criar regras na internet sem que se configure, com isso, censura. Os limites e desafios para se alcançar esse equilíbrio, na criação do Marco Civil da Internet (PL 2.126/11), foram discutidos sexta-feira (1), no Rio de Janeiro, ao vivo pela internet. O debate, intitulado Fórum TI Rio Marco Civil na Internet, teve o objetivo de buscar definir os princípios que devem nortear a internet no Brasil.

De autoria do Executivo, o projeto, que estabelece direitos e deveres de usuários e provedores, tramita atualmente em comissão especial na Câmara dos Deputados. Para o conselheiro do Comitê Gestor da Internet e diretor executivo da Associação Brasileira de Internet (Abranet), Eduardo Parajo, é fundamental estabelecer patamares e premissas básicas para garantir maior segurança aos usuários e provedores. “É importante deixar claro que, como garantir a proteção dos dados pessoais, a governança da internet e que quem fornece a ferramenta não é responsável pelo que os usuários postam, por exemplo”, observou.

Parajo lembrou que milhares de ações que tramitam nos tribunais tentam responsabilizar os provedores, que oferecem a plataforma, pelos conteúdos postados, como ocorre com o Twiter e Facebook. “O provedor não deve exercer o papel de polícia, a não ser em relação à pedofilia e ao racismo, que são facilmente identificáveis”.

O relator do projeto, deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ), defendeu que a nova lei será uma espécie de constituição da internet, que deverá garantir o direito ao acesso à informação, a neutralidade da rede, a liberdade do cidadão e a proteção da privacidade. “Estamos avançando para acolher o maior número de sugestões para melhorar o marco civil, que deve ser um grande guarda-chuva. E espero que, a partir dessa lei, outras sejam criadas para aprofundar os direitos dos cidadãos no uso da internet”.

Molon citou problemas referentes à internet que acabam nos tribunais, como o uso, a fiscalização e a venda de informações sobre os usuários para oferecer produtos e serviços comerciais. “Por isso, é importante criar regras claras que não deixem dúvidas e brechas na lei sobre esses direitos e deveres e a liberdade de expressão”.

Outro ponto do projeto de lei aborda a privacidade no ambiente de trabalho, proibindo o empregador ter acesso irrestrito ao e-mail corporativo do empregado. “O e-mail, mesmo que seja o do trabalho, é uma forma de comunicação do usuário, e sua privacidade deve ser respeitada e a inviolabilidade das comunicações está na Constituição. Mas, na prática, esse direito não é garantido na internet”, disse o coordenador de direito da escola de graduação e pós-graduação Ibmec, Bruno Lewicki, que elogiou a iniciativa de um marco que estabeleça princípios e diretrizes do uso da internet com foco nos direitos do cidadão.

“É um projeto exemplar, que incluiu a sociedade por meio das consultas públicas, e é um projeto contemporâneo, pois foge dessa ótica puramente criminalizante, desconectada da realidade prática.”

Até o momento, ocorreram cinco seminários e estão previstos mais três para a elaboração final do projeto, previsto para ser apresentado no dia 22 deste mês e votado até julho em comissão especial da Câmara dos Deputados criada para análise da proposta. Caso aprovado na comissão, o projeto irá à votação no plenário.

Agência Brasil

1 Comment

  • A ignorância é um instrumento infeliz que foi usado durante anos para manter o povo brasileiro sob um regime de submissão inaceitável. Várias famílias foram abaladas por perder seus entes queridos que perderam suas vidas tentando trazer a liberdade da comunicação para o nosso Pais e hoje se tenta criar uma ditadura parlamentar, silenciosa dizendo que tudo é em nome da segurança da sociedade. O maior preocupado com as informações que trafegam pela internet são aqueles que tentam silencia-la, foi são desmascarados publicamente, (o nosso parlamento e algumas emissoras de televisão que publicamente tem perdido audiência e não encontram outra saída senão apoiar esta barbárie.) Abaixo a ignorância.
    Que a paz de Cristo esteja com todos.

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