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Direita ou Esquerda?
Noberto Bobbio, militante político e pensador italiano, escreveu um livro com este título: Direita ou Esquerda.
E lá ele falou o que torna, o que motiva uma pessoa ser militante da chamada esquerda ou direita.
Bobbio afirma e eu concordo, que muito mais do que teorias, livros ou qualquer outra coisa, o que torna uma pessoa de direita ou de esquerda, são as experiências pessoais vividas, desde a infância até a idade adulta. Diz ele, que os fatos que marcam nossa vida, dependendo das circunstancias, do momento e do local, determinam mesmo os nossos valores, sejam éticos, políticos ou sociais.
Como também os exemplos que recebemos de nossos pais, parentes, amigos e das pessoas que admiramos, que as vezes se tornam ídolos, referencias de vida.
Bobbio dizia que no caso dele, na Itália do século passado (XX), quando era menino passava as suas férias escolares no sul da Itália (região mais pobre de lá), naquela época, década de 20 e 30, na região de Nápoli, ele percebia que a cada ano que retornava nas férias escolares, tinha morrido um dos seus amiguinhos lá em Nápoli e nunca morria nenhuma criança da região norte da Itália (Milão, Roma…), região mais rica, onde ele morava!
E aquilo intrigava ele como criança; por que só os amiguinhos pobres do sul da Itália morriam, principalmente de doenças infecto-contagiosas, e nunca os amiguinhos ricos do norte morriam.
Isto é o que chamamos em saúde, de determinação social das doenças, ou seja, as condições sócio-economicas é que determinam a maior possibilidade de adoecimento das pessoas.
Quando ficou adulto, ele passou a elaborar aquele fato, aquela desigualdade social, compreendendo a injustiça que isto representava, tornando-se assim um militante de esquerda, por justiça e equidade social.
No meu caso pessoal, assisti muito os flagelado da seca do sertão em Serra Talhada (minha cidade natal), em frente à casa do Prefeito Municipal, atrás de comida.
Isto nas décadas de 50 e 60 quando era criança e adolescente.
E eu achava, como criança na época, que aquelas crianças não tinham pai e mãe, pois eu tinha pai e mãe que me davam comida e portanto aqueles meninos e meninas só podiam não ter pais para providenciarem seu sustento.
Aquilo me marcou definitivamente, nunca esqueci aquelas cenas das crianças famintas em frente a casa do Prefeito, que era vizinho da casa dos meus pais.
Acho que, isto mais do que qualquer outra coisa me tornou um militante de esquerda, tanto como cidadão, médico e fundador do PT (Partido dos Trabalhadores), tendo sido o primeiro presidente do PT em minha cidade.
Não adianta, como diz Bobbio, fazer discurso bonito, teorizar bem e não praticar nas suas ações como cidadão ou como homem público o respeito ao direito de todos, a justiça e a promoção da equidade social.
Gente que faz da política um projeto pessoal, de enriquecimento pessoal, de favorecimento familiar, não merece estar na política, na vida pública.
A direita tem uma visão privativista da política, individual enquanto a esquerda tem uma visão coletiva, do bem comum.
Então, podemos analisar em nossa cidade quem tem ética na política, quem nunca se apropriou do dinheiro público, quem faz gestão séria, limpa e quem pratica o contrário, para se determinar quem é quem, quem é de direita ou esquerda; até porque depois da queda do muro de Berlim o mais importante são as práticas políticas na gestão pública, promovendo o bem estar social dos que mais precisam.
O povo de Paulo Afonso vai ter mais uma oportunidade de se pronunciar nas eleições de outubro de 2012 e fazer uma avaliação dos modelos de gestão que já experimentaram em nossa cidade, para podermos avançar mais ainda no processo de construção da cidadania e justiça social.
Luiz Aureliano
1 Comment
Não sei porque não me candidatei.Agora é tarde foi melhor assim não quero tirar uma vaga de nínguem na câmara.