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Blogs podem ter potencializado risco ao jornalista, diz pesquisadora
A expansão de blogs a reboque do avanço das mídias digitais aumentou a exposição e, com ela, pode ter aumentado também os riscos aos jornalistas no Brasil.
Dos cinco profissionais de imprensa assassinados em 2012, dois eram blogueiros e ganharam notoriedade por denúncias feitas nesse tipo de espaço aberto na web –Mário Randolfo Marques Lopes, editor de um site em Vassouras (RJ) executado em fevereiro, e Décio Sá, repórter de O Estado do Maranhão assassinado em abril em São Luís (MA).
Os números fazem parte de levantamento da SIP (Sociedade Interamericana de Imprensa), que faz o monitoramento de assassinatos e desaparecimentos de jornalistas na América Latina.
Nessa estatística, o Brasil neste ano só está atrás do México, que registrou até 18 de junho seis assassinatos a profissionais de imprensa.
“O que está acontecendo é que, com os blogs, abriu-se outro canal [de comunicação]. Isso pode deixando o jornalista mais exposto e também com mais risco”, afirma a jornalista Clarinha Glock, pesquisadora do tema e integrante do projeto da SIP que monitora crimes contra a imprensa no Brasil.
A pesquisadora atribui o crescimento dos assassinatos a jornalistas no Brasil –em 2011, foram quatro mortes– essencialmente à impunidade e à corrupção que impede o avanço de investigações. “Em ano eleitoral também sempre aumentam as ameaças a jornalistas”, diz.
No caso da morte de Décio Sá, o homem que confessou, segundo a polícia do Maranhão, ter matado o jornalista disse que o blogueiro era “fuxiqueiro”.
“Geralmente, as investigações param nos pistoleiros e não chegam nos mandantes”, diz a pesquisadora da SIP.
Glock ministrou neste sábado (14) palestra sobre jornalismo de risco no Brasil no 7º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).
Os crimes contra jornalistas, e a violação a direitos profissionais, é um dos principais temas do congresso deste ano da Abraji, criada como consequência do assassinato do jornalista Tim Lopes, morto há dez anos.
Um dos problemas no Brasil é a falta de proteção do Estado em casos de ameaça. Tramita no Congresso um projeto de lei para ampliar o programa federal de proteção aos defensores dos direitos humanos, no qual os jornalistas podem ser enquadrados. Da Folha