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EBDA apoia povos indígenas com projetos de etnodesenvolvimento
A interação entre pesquisa e Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) tem marcado as ações da Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA) em áreas habitadas por povos indígenas na Bahia. Técnicos, pesquisadores e colaboradores da empresa desenvolvem, coletivamente, o Programa de Ater Indígena da Bahia, uma parceria com o Ministério do Desenvolvimento (MDA), promovendo e incentivando ações de pesquisa e assistência técnica em algumas comunidades.
As etnias envolvidas, inicialmente, foram: a Pataxó, do Território de Identidade do Extremo Sul, Kiriri, do território de cidadania do Semiárido Nordeste II e Pataxó HãHãHãe, do Litoral Sul. Entretanto, o povo Pankararé, do Território de Cidadania de Itaparica (TIP), desde 2003 tem sido beneficiado com projetos de instituições de fomento, como o Fundo Nacional do Meio Ambiente (FNMA) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb), tendo a EBDA como proponente.
O programa envolve, atualmente, 13 etnias em 16 municípios. São atendidas famílias indígenas pertencentes às etnias Pankaru, Tuxá, Atikum, Truká, Pankararé, Xucuru, Kantaruré, Kiriri, Pataxó e Pataxó Hã Hã Hãe.
O desenvolvimento dessas ações tem consolidado o Núcleo de Etnodesenvolvimento, com sede no Centro de Treinamento (CTN), da EBDA, em Salvador, que é apoiado pelo Programa Pacto Federativo, desenvolvido pela empresa. O intuito de todas essas ações visa o conhecimento sobre a realidade dos sistemas agrícolas e não agrícolas dessas comunidades e a valorização dos modos de fazer desses povos, preservando a cultura local e promovendo o etnodesenvolvimento, explicou a técnica rural responsável pelo Núcleo, Lilane Sampaio.
Segundo a técnica, o núcleo já iniciou, desde 2010, a execução de atividades de registro etnográfico do patrimônio cultural dessas comunidades, envolvendo seus ofícios e modos de fazer, celebrações, formas de expressão, lugares e edificações. Um exemplo deste trabalho são os diversos usos da fibra de croá (bromélia endêmica da caatinga), principalmente nos rituais dos praiás (encantados da mata) que estão entre os elementos culturais descritos em trabalhos científicos de bolsitas do Pacto Federativo, disse a responsável pelo Núcleo.
Tatu-peba
A etnia Pankararé, que fica no Raso da Catarina, Nordeste da Bahia, possui uma espécie de economia natural, aberta, cuja subsistência depende fortemente dos intercâmbios ecológicos com a natureza, pois os recursos naturais são a base material do seu processo produtivo. A atividade de criação de animais silvestres (emas, cutias, abelhas sem ferrão e abelha com ferrão) passou a integrar essa realidade e é realizada de forma participativa, unindo o conhecimento local, com suas técnicas tradicionais, as tecnologias externas, visando à elaboração de sistemas locais sustentáveis e integrados de criação destes animais.
Nesse contexto, os Pankararé passaram a criar, de forma racional, o tatu-peba, que é uma espécie essencial para a cultura Pankararé, além de sua principal fonte de proteína animal. Entre os Pankararé há a percepção de que a população de pebas, no território, está menor, apesar de ainda não estar ameaçada ou em estado crítico.
Com o projeto Manejo de Animais Silvestres no Território Indígena Pankararé, a EBDA, através da coordenação de Pesquisa e do Núcleo de Etnodesenvolvimento, tem trabalhado para a consolidação dos criatórios de emas e cutias e implantação de quatro unidades de manejo de tatu-peba. A ideia é que as técnicas desenvolvidas pelos Pankararé sejam difundidas para as demais etnias do Território de Identidade Itaparica, disse a coordenadora de Pesquisa, Marina Castro.
O novo sistema de criação proposto para o tatu-peba foi elaborado de forma sistemática e participativa com os Pankararé e teve como principal abordagem para sua elaboração, o estabelecimento do diálogo entre o conhecimento dos indígenas e a zootecnia. Este sistema é uma inovação, visto que o criatório desenvolvido é pioneiro no Brasil, complementou Sampaio.
Assimp/EBDA