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Transtorno de ansiedade e humor leva a enxaqueca, aponta pesquisa

Estudo revela que mais de 2/3 dos pacientes com enxaqueca crônica apresentam transtornos psiquiátricos, como ansiedade e depressão
Constantes dores de cabeça que se repetem há mais de três meses e os sintomas penduram por mais de 15 dias em um mês são sinais de enxaqueca crônica. No entanto, o tipo mais comum de enxaqueca é a episódica, quando há um grande intervalo livre de dor entre as crises. Já a cefaleia crônica, diagnosticada em 3 a 5% da população, é caracterizada pelas crises diárias e, geralmente, está associada aos sintomas de ansiedade e humor. De acordo com o neurologista da Sociedade Brasileira de Cefaleia, Ariovaldo da Silva Júnior, mais de dois terços dos pacientes que tem cefaleia crônica diária apresentam também transtornos psiquiátricos, principalmente de ansiedade e de humor, como a depressão.
A incidência desses transtornos psiquiátricos em pacientes com enxaqueca crônica era atribuída a forte influência do estilo de vida urbano dos pacientes. Contudo, o estudo realizado pelo especialista Ariovaldo da Silva Júnior, membro da Sociedade Brasileira de Cefaleia, mostrou que as pessoas com enxaqueca crônica que vivem longe das grandes cidades também têm, na maioria das vezes, os mesmos transtornos mentais dos que moram nos centros urbanos. Dessa forma, é possível concluir que a causa da doença está mais ligada à herança genética do que com fatores ambientais.
O estudo, que será apresentado durante o 14º Congresso Mundial de Dor em Milão/Itália em agosto, foi realizado com pessoas da comunidade e do centro urbano teve como objetivo comparar os dados demográficos e os distúrbios psiquiátricos na incidência de cefaleia. Entre os indivíduos da comunidade, 65,9% foram diagnosticados com algum transtorno psiquiátrico, em relação a 83,7% do centro. Os distúrbios mais presentes no centro urbano foram a fobia simples (41,9%), transtorno de ansiedade generalizada (34,9%) e depressão (32,6%). Já na comunidade, os mesmos transtornos também foram as mais comuns, sendo que 39% sofrem de ansiedade, 29,3% de fobias e 29,3% de depressão.
A ansiedade, segundo um estudo publicado pela revista Headache Medicine, é o primeiro estágio da progressão dos sintomas, seguida da enxaqueca episódica, do transtorno da depressão e, por último, do tipo mais grave da enxaqueca, a crônica. Contudo, a relação entre os sintomas não é definida necessariamente nessa ordem, uma vez que alguns pacientes manifestam os sintomas em sequencias diferentes. Para o neurologista Ariovaldo da Silva Júnior, as pessoas que têm dor de cabeça quase diariamente merecem atenção especial na investigação de transtornos de humor e de ansiedade para que tenham um tratamento adequado e melhora na qualidade de vida.
As mulheres apresentam mais dores de cabeça em comparação com os homens, tendo como principais causas as alterações hormonais e o uso de contraceptivos, segundo estudo populacional realizado pela Sociedade Brasileira de Cefaleia. Além da maior incidência de dor de cabeça, pesquisas mostram que biologicamente o estresse é maior no sexo feminino. Realizado com animais de laboratório, esse estudo indica que as fêmeas são mais sensíveis que os machos a baixos níveis de um importante hormônio relacionado ao estresse, o hormônio liberador de corticotrofina (CRH).
Ainda não é possível extrapolar esse estudo sobre o comportamento das fêmeas em relação ao hormônio CRH, estimulante desencadeador da reação de estresse, para os seres humanos. No entanto, outra pesquisa aponta que os pacientes diagnosticados com enxaqueca apresentam três vezes mais chance de desenvolverem depressão e revela que as mulheres com enxaqueca têm 40% maior probabilidade de terem depressão e 61,5% desenvolveram os sintomas em um período de 14 anos.
Noites mal dormidas, má alimentação e fatores emocionais – como ansiedade, nervosismo, irritação e alto grau de exigência – são alguns dos fatores que causam ou agravam as dores de cabeça. Para que o tratamento seja eficiente, é necessário identificar todos os transtornos, pois o diagnóstico de apenas um dos distúrbios representará uma melhora parcial. “Os pacientes precisam de atendimento com escuta ampliada, que inclua a investigação dos fatores ansiedade e humor e a avaliação do impacto no diagnóstico de cefaleia crônica,” reforçou o especialista Ariovaldo da Silva Júnior.
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