Durante protesto, Dilma diz que prioridade é gerar emprego a quem não tem ‘estabilidade’

 Durante protesto, Dilma diz que prioridade é gerar emprego a quem não tem ‘estabilidade’

Em meio a uma greve que atinge vários setores do funcionalismo público federal, a presidente Dilma Rousseff enfrentou nesta sexta-feira (10) um protesto de servidores paralisados, em Rio Pardo de Minas (685 km de Belo Horizonte), e respondeu dizendo que sua prioridade é assegurar emprego para quem não tem estabilidade.

Sem citar as greves, Dilma disse que seu governo vai “assegurar emprego para aquela parte da população que é mais frágil, não tem direito a estabilidade, porque pode e esteve muitas vezes desempregada”.

“Não queremos isso, queremos todos os brasileiros empregados, ganhando seu salário e recebendo serviços públicos de qualidade”, completou a presidente.

Segundo a presidente, o cenário de crise internacional na economia ainda requer cautela por parte do governo.

“O Brasil sabe, porque tem os pés no chão, que ele pode e vai enfrentar a crise e passar por cima dela assegurando emprego para todos os brasileiros”, afirmou.

A presidente manifestou um posicionamento que já vinha sendo externado por integrantes do primeiro escalão do Planalto.

No último dia 27, por exemplo, a ministra Ideli Salvatti (Relações Institucionais) afirmou que a prioridade do governo no momento são os trabalhadores da iniciativa privada.

“Nesse momento existe uma avaliação que se deve focar e usar os mecanismos financeiros disponíveis para proteger os mais frágeis. E, diante de uma crise econômica, os mais frágeis são os trabalhadores da iniciativa privada, que não têm estabilidade”, disse Ideli na ocasião.

O argumento da crise internacional também já foi utilizado pelo ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência). Em entrevista à Folha, Carvalho afirmou que a crise econômica recomenda prudência ao governo na negociação com os servidores.

“Em 2009, a crise, apesar de aguda, seria de duração curta. Hoje, estamos diante de uma crise profunda e sistêmica. Por isso é recomendado prudência maior”, disse o ministro, que indicou, porém, chances de haver aumentos, mesmo que pontuais.

“O real é que o governo, para a maioria das categorias, ainda não apresentou proposta. Temos até o dia 31 para fazê-lo. Estamos tentando esgotar todas as possibilidades, cotejando os números para ver que propostas vamos fazer”, disse.

A ministra Miriam Belchior (Planejamento), negociadora do governo com o movimento grevista, prometeu para a próxima semana uma resposta final sobre o reajuste aos servidores federais.

PROTESTO

Durante os 12 minutos e meio que discursou, Dilma foi vaiada por cerca de 35 professores, estudantes e servidores do campus avançado da UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) em Montes Claros e de instituições federais de ensino do norte mineiro.

As universidades federais e os colégios técnicos foram os primeiros a entrarem em greve, movimento que se estendeu depois a outras categorias do serviço público.

Impedidos de entrar na praça principal da cidade portando as faixas que carregavam, os manifestantes entraram no local do evento sem esse material, mas diante do palanque retiraram dos bolsos cartazes em folha de papel.

Os pequenos cartazes traziam inscrições como “Negocia, Dilma” e “greve federal”. Uma camiseta com a marca do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais também foi exibida pelos manifestantes, que tinham duas listras pretas nos rostos.

“Ô Dilma, a culpa é sua. A greve continua”, gritavam os manifestantes.

Entre vaias, apitos e assobios, também entoaram: “A nossa greve unificou, é estudante, funcionário, professor”.

Do lado de fora, outros manifestantes que estavam com as faixas de protesto tiveram permissão da segurança para se posicionar com uma delas próximo ao local onde a comitiva presidencial passaria para deixar o local do evento.

A faixa aberta dizia: “Dilma, não deixe a falta de diálogo sepultar a esperança. Reabra a negociação”.

Dilma passou pela faixa com o vidro do carro aberto, acenando para as pessoas. Ela foi à cidade lançar uma nova etapa do programa social Brasil Sorridente, que fornece tratamento e próteses dentárias.

PARALISAÇÃO

Com categorias paradas há meses, a presidente Dilma Rousseff enfrenta uma das mais amplas greves em número de carreiras e áreas atingidas.

A paralisação, segundo as entidades sindicais, atinge 350 mil funcionários públicos federais. São servidores de universidades, policiais federais, da Receita Federal, do Incra, IBGE e de agências reguladoras, entre outras áreas.

Nas contas dos grevistas, são quase 30 órgãos federais envolvidos. Não se sabe, porém, o número exato de funcionários parados porque os sindicatos e o governo dão números discrepantes. Folha

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