Exposição apresenta a trajetória do controle do tabaco no Brasil

 Exposição apresenta a trajetória do controle do tabaco no Brasil

Em comemoração ao Dia Nacional de Combate ao Fumo, o Instituto Nacional de Câncer e a Fundação Oswaldo Cruz lançam projeto que narra a história dos esforços e avanços da saúde pública para prevenção e controle do tabagismo no Brasil. Os painéis serão expostos na estação Carioca do metrô

Rio – O Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) e a Fundação Oswaldo Cruz lançam, no dia 27 de agosto, às 9h, na estação Carioca do metrô, a exposição O controle do tabaco no Brasil: uma trajetória. A ação faz parte da mobilização para o Dia Nacional de Combate ao Fumo, celebrado no dia 29. A exposição narra a história dos embates entre organizações brasileiras ligadas à saúde pública e à indústria do fumo a partir do século XX.

Por meio de 22 painéis fotográficos, a exposição apresentará os esforços da saúde pública contra os estímulos à prática de consumir cigarros. Serão expostas campanhas criadas por órgãos governamentais preocupados com os malefícios decorrentes do uso prolongado do tabaco, além de mostrar as estratégias usadas pela indústria tabagista para seduzir milhões de pessoas ao longo de décadas. Cartazes sofisticados, jingles encantadores, propagandas televisivas bem-elaboradas e inserções no cinema são algumas das estratégias que serão exibidas.

 A exposição aponta também evidências históricas de como o tabagismo se intensificou com os processos de industrialização e o crescimento urbano. As mudanças incentivaram os brasileiros, dos mais diferentes segmentos sociais, a utilizar derivados do tabaco, desde charutos e cachimbos, passando pelo rapé e fumo de rolo, até os mais práticos cigarros industrializados.

Nos últimos dez anos, o tabaco matou 50 milhões de pessoas no mundo. É responsável por mais de 15% de todas as mortes de homens adultos e por 7% das mortes de mulheres. No Brasil, um em cada cinco homens e uma em cada dez mulheres morrem devido ao fumo.

Em 2011, o Brasil gastou 21 bilhões de reais no tratamento de pacientes com doenças relacionadas ao tabaco. O valor equivale a 30% do orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e foi 3,5 vezes superior ao arrecadado pela Receita Federal com produtos derivados do tabaco.

Pioneirismo brasileiro terá destaque na exposição

O tabaco é consumido há séculos na sociedade ocidental. As pessoas mascavam tabaco, cheiravam rapé e fumavam cachimbo e charuto. A partir da segunda metade do século XIX, o cigarro industrializado tornou-se popular, principalmente nos Estados Unidos e na Inglaterra. O novo produto era considerado mais adequado aos chamados tempos modernos, por ser mais dinâmico e prático para o consumo.

Entre as décadas de 1930 e 1950, o médico Mário Kroeff, um dos principais nomes da oncologia no Brasil, foi pioneiro na defesa da concepção do câncer como problema de saúde pública e organizou a primeira exposição educativa sobre o câncer, que alcançou enorme sucesso no Rio de Janeiro. A partir de estudos inéditos, que associavam o alcatrão ao câncer, Kroeff divulgou materiais educativos sobre fatores de risco para o câncer.

No Brasil, a reação mais articulada para promover a prevenção e a cessação do tabagismo começou na década de 60. Entre 1960 e 1970, vários projetos de lei refletiram a preocupação com os prejuízos à saúde causados pelo cigarro, que teve seu consumo aumentado consideravelmente no País: das 56,40 bilhões de unidades vendidas em 1965, saltou-se para 137,20 bilhões em 1979.

No final da década de 1970, começaram a ser realizados os primeiros estudos brasileiros que demonstraram o aumento de casos de doenças relacionadas ao tabaco. Em 1987, o Ministério da Saúde estimou entre 80 mil e 100 mil o número de mortes prematuras decorrentes do tabagismo.

Em 1996 foi aprovada a lei que fez restrições à propaganda de cigarros e proibiu o uso de fumo em recintos coletivos, exceto nos fumódromos. A propaganda de cigarros na televisão e no rádio ficou restrita ao horário das 21h às 6h, e mensagens de advertência divulgando seus malefícios passaram a ser divulgadas em cartazes, revistas, jornais e nos maços.

 Na última década, importantes avanços ocorreram com a Lei no. 10.167, que estabeleceu novas regras para a propaganda de cigarros, permitida exclusivamente no interior dos locais de venda, por meio de cartazes.  Os anúncios não poderiam mais associar o cigarro a práticas esportivas nem contar com a participação de crianças e adolescentes. A lei também instituiu a proibição de propaganda na internet e merchandising em estádios, pistas, palcos ou locais similares, assim como a distribuição de amostras ou brindes e a comercialização de produtos fumígenos em estabelecimentos de ensino e de saúde. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda regulamentou os produtos derivados do tabaco. Entre as novas restrições, inclui-se a proibição da utilização de expressões como “suave”, “light”, “baixos teores”, “teores moderados” e outras que pudessem enganar o consumidor.

 Grandes conquistas foram alcançadas nos últimos dois anos. Em 2011 foi aprovado o projeto de lei federal para os ambientes livres do tabaco e em 2012 a resolução sobre a proibição de aditivos nos cigarros comercializados no Brasil foi aprovada pela Anvisa.

Trajetória apresenta os malefícios do tabagismo ao meio ambiente

A exposição O controle do tabaco no Brasil: uma trajetória terá painéis dedicados aos danos que o tabagismo causa à população, tanto fumantes como não fumantes, ao planeta e aos trabalhadores das plantações de fumo.

A fumaça do cigarro é considerada a principal fonte de poluição em ambientes internos. Segundo a Organização Mundial da Saúde, o tabagismo passivo mata mais de 600 mil não fumantes por ano, no mundo. Além disso, as substâncias tóxicas da fumaça do cigarro causam a poluição de rios, mares e matas. Outro fator de degradação do meio ambiente é o descarte das guimbas, estimado hoje em seis trilhões de unidades.

A derrubada de florestas inteiras para utilização da madeira como combustível para os fornos e as estufas para secar as folhas do fumo antes de serem industrializadas contribuem de forma significativa para o desmatamento global, correspondendo a aproximadamente 5% do total desmatado nos países em desenvolvimento. Para cada 300 cigarros produzidos, uma árvore é queimada. Cada 15 maços de cigarro que chegam ao mercado sacrificam uma árvore.

Nas plantações de fumo, os agricultores trabalham com exposição aguda e crônica a agrotóxicos, que causam diversas doenças. Muitos sofrem também da doença da folha verde, causada pela nicotina, absorvida pelo contato direto com as folhas de tabaco. Dentre os sintomas estão tonteira, dor de cabeça, náuseas, diarreia, dificuldade respiratória, sudorese e flutuações da pressão arterial e da frequência cardíaca. Além das condições precárias de trabalho, ocorre o uso de mão de obra infantil familiar.

 

Assessoria de Imprensa – INCA

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