Para defesa de Dirceu, não há provas de que mensalão existiu

 Para defesa de Dirceu, não há provas de que mensalão existiu

De acordo com advogado, acusação da procuradoria usa ‘frases de efeito’ mas não traz provas

O advogado de José Dirceu, José Luis de Oliveira Lima, alega que não há nenhuma prova de que seu cliente tenha comandado o esquema de pagamento de propina conhecido como mensalão, como acusa a PGR (Procuradoria Geral da República). Ao subir na tribuna, o defensor se disse tranquilo porque tem certeza que os ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) não vão encontrar nenhuma prova de que Dirceu estava envolvido.

— O Ministério Público Federal desprezou todas as provas que foram produzidas durante a fase do contraditório. Foram mais de 600 depoimentos, nenhum deles incrimina José Dirceu. (…) O MP não comprovou a sua tese porque não é verdade que existiu a propalada compra de votos.José Luis de Oliveira Lima é o primeiro advogado a apresentar os argumentos da defesa. Ele terá uma hora tentar provar a inocência de José Dirceu. Ele iniciou a sustentação oral cumprimentando o presidente do STF, ministro Carlos Ayres Britto, e também rendeu homenagens ao ministro Celso de Mello, o mais antigo na Corte. Ao se dirigir a Roberto Gurgel, disse que o respeitava, mas fez questão de ressaltar que os dois defendiam teses opostas.

O advogado de Dirceu também tentou pressionar os ministros, alegando que os magistrados manifestaram o compromisso de realizar um julgamento técnico. Segundo José Luis, se os ministro seguirem se basearem no processo, Dirceu será absolvido.

— O processo não tem capa, não tem raça, nem tem cor, não tem partido político, ele tem ou não tem provas. E não há provas contra Dirceu. O procurador-geral da República apresenta frases de efeito, dizendo que a punição vai servir de exemplo. Desde quando uma condenação sem provas serve de exemplo?

O advogado de Dirceu teve uma hora para rebater todas as acusações da PGR.

O mensalão

O caso veio à tona em 2005, após denúncia do então deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), que depois foi cassado. O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, um dos pivôs do escândalo, também perdeu o mandato parlamentar. Além disso, deixou o governo Lula, no qual desempenhava papel central.

Segundo Jefferson, o mensalão era um esquema de pagamento de propina a parlamentares em troca de apoio político.

Petistas negam a existência da prática e dizem que o dinheiro retirado de bancos por meio das empresas do publicitário Marcos Valério foram usados para abastercer campanhas eleitorais como caixa dois — uma prática que, embora criminosa, era recorrente entre os partidos.

Na denúncia da PGR (Procuradoria-Geral da República), Dirceu foi apontado como “chefe da quadrilha” que operou o esquema. Ao todo, 38 réus serão julgados. As acusações incluem formação de quadrilha, corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro, entre outros delitos. R7

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