Ministra da Cultura deixa governo logo após denunciar penúria na pasta

A ministra da Cultura, Ana de Hollanda (foto), deixou o governo na tarde de terça-feira (11) para dar lugar à senadora Marta Suplicy (PT-SP). A mudança ocorreu logo após a ministra denunciar a situação crítica da pasta. Em carta enviada à chefe do Planejamento, Miriam Belchior, ela detalhou a precariedade de prédios históricos, como a Biblioteca Nacional e o Palácio Capanema. Essa é a 13ª troca no primeiro escalão do governo Dilma, sendo que sete delas foram motivadas por denúncias de corrupção.

Para o deputado Antonio Imbassahy (BA), a atitude da presidente mostra a intransigência do PT com quem aponta falhas na administração pública. “Nada mais razoável do que um ministro apresentar as dificuldades e dizer o que não está funcionando bem. O governo não aceita crítica, nem da oposição nem dos próprios governistas. Correto seria examinar as críticas e corrigir as deficiências”, disse.

Imbassahy lamentou a forma como Marta Suplicy chegou à pasta. Para ele, a entrada da petista não passa de um prêmio de consolação pelo apoio ao candidato do PT à Prefeitura de São Paulo. “É fisiologismo no nível mais alto possível trocar o apoio de uma personalidade por um ministério. É um governo que se coloca a serviço de um processo eleitoral”, afirmou.

O deputado relembrou o histórico de Marta como ministra, quando ela chefiou o Turismo. Na época, a petista se dirigiu aos passageiros que enfrentavam sérias dificuldades nos aeroportos com a célebre frase: “relaxa e goza”. “Foi uma frase de uma infelicidade que ficou na memória dos brasileiros. A ministra sabia das dificuldades que o brasileiro estava tendo nos aeroportos e veio com esse deboche, essa ironia”, finalizou.

Na opinião do deputado Vanderlei Macris (SP), a situação é triste para o país. “O toma-lá-dá-cá impera no governo Dilma. Pobre Brasil. Marta vai ao Ministério da Cultura no troca-troca vergonhoso pelo apoio ao candidato do PT em São Paulo”, comentou pelo Twitter.

“Relaxa e goza.”

Marta Suplicy, então ministra do Turismo, em junho de 2007. Na época o país vivia o caos aéreo, que trouxe inúmeros transtornos aos passageiros, destinatários do “recado” da nova chefe da pasta da Cultura no governo Dilma.

Reportagem: Artur Filho/ Foto: Alexssandro Loyola