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Causas para o comportamento das urnas
Artigo publicado em um site local, o advogado Fernando Montalvão comenta sobre os resultados das eleições do dia 07.10 em Paulo Afonso. Dentre vários pontos ele destaca dois dados:
a) a grande diferença de votos entre o 1º e 2º colocados, de 17.440, o que contrariou fortemente os resultados das duas últimas eleições quando a maior diferença entre vencedor e vencido foi apenas um pouco superior a 3.000 votos. Agora não, foi de uma lapada a desnortear qualquer cristão e para confundir qualquer cientista político;
b) a manifestação popular por toda a cidade depois da divulgação dos números oficiais, especialmente pelas avenidas Apolônio Sales e Getúlio Vargas. Nas eleições anteriores quando o grupo dominante era PFL ou DEM isso jamais foi visto, o que demonstra que é preciso saber interpretar o momento político na cidade.
O município de Paulo Afonso tem um colégio eleitoral de 75.920 votantes e apresentou somados abstenção, votos nulos e brancos um percentual de 31,35%, reservando-se entre os votos válidos 65,65% para Anilton Bastos (35.193 votos), e 33,12% para a candidata Sônia Caires (17.753 votos). A diferença de Anilton Bastos para Sônia Caíres foi de 17.440 votos.
Fernando Montalvão
Na verdade a vitória de Anilton se não era sabida era esperada e como foi de lapada, usando do jargão comum em face da diferença de 17.440, aparentemente as oposições desapareceram e terão que ressurgir das cinzas como fênix. Na verdade, as oposições terão que encontrar uma reengenharia capaz de oferecer alternativas para a cidade o que não aconteceu nos últimos anos para tentar êxito em 2016.
Como o percentual de votos para Anilton foi de 65,65%, isso poderá significar que o povo aprovou plenamente sua administração e pronto. Creio que ao lado disso despontou a incompetência das oposições em oferecer alternativas e construir uma candidatura.
O grande ganhador foi Anilton que impôs uma derrota humilhante aos seus adversários e foi reeleito para um mandato de 04 anos e como em política os números são relativos Mário Negromonte se fortaleceu ao eleger uma bancada de 04 vereadores, se é que todos ficarão com ele, como também o próprio Raimundo Caires. Quando candidato a deputado ele recebeu um pouco 13.000 votos e agora sua mulher recebeu 17.000 votos, o que vale dizer, eleitoralmente se fortaleceu e ainda é a maior força individual de oposição em Paulo Afonso. O PT que não tinha representação parlamentar elegeu um vereador e isso é importante, embora eu creia que a vitória de Aureliano não resultou da máquina partidária, devendo ser atribuída sua vitória ao tempo que ele esteve no HNAS e como Secretário de Saúde.
As oposições erraram na construção de candidaturas. O PP entendeu de compor com o PSB e lançou a candidatura de Gilson Fernandes que desistiu na metade do caminho. O PC do B aliando-se ao PSDB lançou candidatura própria e perdeu por margem de votos.
Efetivamente até agora, o líder de oposição mais forte ainda é Raimundo Caíres, ex-prefeito e que concorreu ao cargo de deputado estadual nas eleições do estado e arrebanhou em Paulo Afonso um pouco mais de 13.000 votos, embora grande parte do resultado das urnas em Paulo Afonso se deve a ele. Raimundo Caires teve contas de gestão relativas a 2008 rejeitadas quando prefeito e estava inelegível já que a liminar que lhe garantira a candidatura a deputado estadual fora revogada em sede do julgamento do agravo de instrumento por ele impetrado contra decisão do juiz da comarca que teve provimento negado. Depois disso, a inelegibilidade que era de 03 anos passou para 08 anos com a LC 135.
Mesmo sabendo ser inelegível Raimundo sustentou uma candidatura impossível até onde foi possível e quando convencido de sua inelegibilidade lançou como candidata a prefeito sua mulher como a zombar do eleitorado de Paulo Afonso, como estivesse a dizer que faço o prefeito que eu quiser. Em Jeremoabo aconteceu isso. Estando inelegível Tista de Deda lançou como candidata laranja ao cargo de prefeito a sua mulher Anabel e a elegeu. As realidades de Paulo Afonso e Jeremoabo são diversas e ali quem detém o poder é uma oligarquia que tem Tista como representante mor.
Raimundo recebeu o PC do B como legenda de aluguel a lhe garantir candidatura apenas e se não fosse possível pegaria outra legenda. Não podendo sair candidato não teve como recorrer a classe política para lançar um nome, já que o nome retirado da Câmara Municipal pelo PP-PSD Gilson Fernandes não vingou e isso demonstra a necessidade de uma renovação das lideranças políticas.
Creio que uma alternativa que poderia ter sido usada pelas oposições era lançar um nome fora da classe política e sem muita identificação a qualquer grupo e arriscar. Um nome sem vícios e sem identidade política poderia atrair os votos oposicionistas. Se não fosse possível ganhar, poderia vir a disputar. Isso é um mero palpite já que exceto o possível nome de Mário Júnior na classe política não se localizou nome capaz de atrair o eleitorado e o exemplo de Gilson Fernandes não deixa mentir.
Gilson Fernandes perdeu a chance de se colocar como um visionário e oferecer um bom exemplo. Era o único dos candidatos com programa e que foi levado à discussão. Se mantivesse sua candidatura mesmo com os candidatos a vereadores lhe abandonando poderia ter deixado um legado e receber os votos anulados e os votos de protesto.
Na Câmara Municipal a vitória da situação foi na mesma proporção. A situação de cara elegeu 09 vereadores maioria absoluta folgada que lhe garante a eleição de Mesa da Câmara sem riscos. Se conseguir atrair mais um vereador eleito chegará a 10 vereadores e terá 2/3 dos membros da Câmara Municipal e isso será ruim para o processo democrático.
A Câmara Municipal que era composta de 11 vereadores teve o número aumentado para 15. E dos vereadores eleitos apenas dois de oposição se reelegeram na bacia das almas, um do PC do B e outro do PP. Da situação 04 se reelegeram com folga e o menos votado foi Juvenal com 1.250, enquanto os dois reeleitos da oposição receberam apenas 980 e 1.164 na ordem respectiva.
Embora na política os números sempre sejam relativos e o que aconteceu agora poderá não acontecer daqui a quatro anos, em Paulo Afonso as oposições terão que catar os cacos e ressurgir das cinzas como fênix.
Fernando Montalvão.
Escrit. Montalvão Advogados Associados.
Titulo original do Artigo – “CARTAS ELEITORAIS DE 2012. PAULO AFONSO”