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A vinda da UNIVASF e seus efeitos
A chegada da UNIVASF – Universidade Federal do Vale do São Francisco à cidade de Paulo Afonso, no sertão baiano. Além do já esperado burburinho político que fez surgir, trouxe consigo importantes questionamentos sobre a instituição e seus efeitos na realidade em que fora implantada. Em geral, os investimentos no setor educacional sempre trazem consigo este efeito.
Quem conhece a trajetória da UNIVASF em outros municípios da circunvizinhança – ou seja, em Petrolina e Juazeiro – sabe dos desafios que a universidade enfrentou no percurso de sua implantação e efetivação, aliados às mazelas econômicas e profissionais por que passa a educação no Brasil como um todo. São tempos difíceis, momentos em que o Estado se confronta com a necessidade da formação de mão-de-obra especializada, mais que meramente no aspecto técnico, ao passo em que a urgência com que o mercado de trabalho necessita destes profissionais faz com que as IES – Instituições de Nível Superior, passem a ser vistas pela maioria da população economicamente ativa como a tábua de salvação a qual muitos tentam se agarrar.
A UNIVASF em Paulo Afonso, para muitos, lançou luz sob estes aspectos.
Sabendo-se do porte de sua implantação e das consequências destas, falando não apenas econômica, mas socialmente, o curso de Medicina abre o limiar a mais uma alternativa, a qual, muitos jovens esperavam. Não foi um curso superior que veio para este município: foi uma perspectiva de futuro. E junto com ela, uma responsabilidade enorme do poder público local, que envolve desde a logística de sua implantação, ao desafio compartilhado de sua manutenção. Em qualquer círculo universitário em que a UNIVASF seja tema, é fácil chegar a alguns deles: haverão no município hospitais suficientes para absorver em regime de estágio os novos formandos? Como e por que vias os munícipes terão acesso às benesses emanadas desta nova fase? Estas e muitas outras perguntas pululam e ainda hão de tirar o sono de muitos jovens, pais de jovens e administradores.
Mas novos tempos têm de vir. Paulo Afonso precisava mesmo desta chance, a qual, uma vez dada, certamente será muito bem aproveitada. Cabe à população, em sua atividade política consciente, apoiar e tentar galgar meios de acesso ao curso. É verdade que a UNIVASF no município confirma ainda mais a vocação deste para cidade universitária, assinalando para este novo nicho que não pode ser visto como mera via de especulação econômica, mas também, a exemplo de pequenos municípios circunvizinhos, uma oportunidade à criação de um perfil populacional voltado aos novos ensejos fomentados pelo Ensino Superior local – que não se restringe à UNIVASF.
Falou-se neste ensaio sobre oportunidades e sobre a vinda da UNIVASF. Tudo isto antes fora mero plano, simples cogitação. A sua confirmação, mais que uma aposta, deve ser vista por todos como uma confirmação da capacidade social depositada em Paulo Afonso, que se projeta em âmbito regional, tal qual o fizera, décadas atrás, pela força dos projetos que lhes deram origem.
Por Kennedy Silva de Alcântara