Decisão sobre greve em Suape é adiada para segunda

 Decisão sobre greve em Suape é adiada para segunda

A reunião realizada sábado (10) entre representantes dos trabalhadores e da classe patronal para discutir o fim da greve nas obras em um polo da cadeia do petróleo, em Suape (PE), mostrou avanços nas negociações. Após mais de três horas de reunião a portas fechadas na Superintendência Regional do Trabalho e Emprego do Estado de São Paulo, os negociadores decidiram postergar a audiência no Tribunal Regional de Trabalho (TRT-PE), e vão tentar encontrar, no mesmo dia, uma saída negociada para o impasse. Os trabalhadores têm assembleia marcada para terça-feira para avaliarem as novas condições apresentadas na mesa de negociações.

“Conseguimos adiar a decisão judicial de segunda-feira e abrimos um caminho para chegarmos a uma solução sem a necessidade da decisão judicial”, afirmou o ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto, após o encontro. Ficou definido que uma nova reunião será realizada na segunda-feira, às 15 horas, na Superintendência Regional de Trabalho de Pernambuco, quando os empregadores devem anunciar uma posição sobre a contraproposta apresentada pelos trabalhadores. Caso não haja evolução nas negociações, a reunião no TRT-PE deve ser remarcada para terça-feira.

Essa alternativa, porém, parece ser menos provável depois do encontro de sábado. De acordo com Zidem Abrahão, um dos representantes da classe patronal participantes da reunião, as negociações avançaram e caminham para um acordo. Os representantes dos trabalhadores presentes à reunião, no entanto destacaram que durante o final de semana devem analisar de forma mais detalhada os termos apresentados.

Na reunião, ficou estabelecido que serão feitas avaliações por função de trabalho, destacou o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva. Dessa forma, é possível que algumas categorias de trabalhadores consigam a equiparação salarial completa e outras obtenham um ajuste parcial dos salários, ainda que não haja essa equiparação efetiva. “Para a chefia, por exemplo, eles (classe patronal) sugeriram um salário de R$ 3.852 e nós, de R$ 4.500”, afirmou o sindicalista, sugerindo que a diferença de valores não é um impeditivo para o avanço nas negociações.

Salário

A greve nas obras da Refinaria Abreu e Lima e na Petroquímica Suape, iniciada em 30 de outubro, teve origem justamente em um impasse acerca da equiparação salarial. Antes da reunião, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Construção de Estradas, Pavimentação e Obras de Terraplanagem no Estado de Pernambuco (Sintepav-PE), Aldo Amaral, disse que a classe patronal não estaria cumprindo uma cláusula negociada anteriormente que previa a equiparação entre trabalhadores de mesmas funções.

É esperado que as empresas responsáveis pela construção das duas obras se reúnam com a Petrobras, dona dos projetos, para discutir o impasse com os trabalhadores. Porém, não há qualquer sinalização de que a estatal possa participar da mesa de negociações. Segundo Abrahão, as empresas responsáveis pela construção devem analisar até segunda-feira o eventual desembolso adicional nos projetos caso os termos apresentados hoje sejam aceitos.

Também ainda não há uma posição oficiais dos empregadores de como esse eventual aumento dos custos da obra poderá ser compensado.

Condição de trabalho

Confiante em um desfecho negociado para o impasse, o ministro Brizola Neto afirmou que, resolvida a questão da equiparação salarial, o Ministério do Trabalho e Emprego quer liderar um plano de melhoria das condições de trabalho no complexo de Suape. “Achamos fundamental reproduzir as condições que conquistamos em Santo Antônio e Jirau, como resultado do acordo nacional de Boas Práticas da Indústria da Construção”, afirmou o ministro. Essa ação, no caso de Suape, seria encabeçada pelo próprio Ministério do Trabalho e Emprego.

Segundo Brizola Neto, que esteve em Porto Velho (RO) nesta semana, houve uma substancial melhoria nas condições de trabalho no local, graças principalmente à instalação de duas comissões, uma de saúde e segurança e outra de trabalhadores indicados pela categoria. As duas comissões ajudam no trabalho de prevenção de impasses.

Paulo Pereira da Silva, da Força Sindical, destaca que o andamento das negociações sobre a greve em Suape traz um significado importante para a relação entre trabalhadores e empregadores. “A indústria de construção pesada está acostumada a tratar o trabalhador sob forma de uma semiescravidão, com salários baixos e, quando necessário, com a força da polícia. Mas isso já não é mais possível”, destacou Paulinho da Força, relacionando a mudança nas condições dos trabalhadores ao maior acesso dessas pessoas a informações. Da Agência Estado

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