No ano de centenário do autor, texto de Nelson Rodrigues é montado por nova safra de atores da UFBA

 No ano de centenário do autor, texto de Nelson Rodrigues é montado por nova safra de atores da UFBA

Bonitinha, mas ordinária, estréia sábado, 1º de dezembro, no Teatro Martim Gonçalves, com direção de Luiz Marfuz

No ano de centenário do nascimento de Nelson Rodrigues, 19 novos atores da Escola de Teatro da UFBA apresentam Bonitinha, mas ordinária, sob direção de Luiz Marfuz (Meu nome é mentira e As velhas). O espetáculo estréia dia 1º de dezembro (sábado), no Teatro Martim Gonçalves, às 20 horas, e fica em cartaz até 16 de dezembro, de quarta a domingo, com entrada franca (mediante apresentação de senha).          Na peça, a tentação atormenta o ex-contínuo Edgard, que tem de escolher entre o casamento por dinheiro ou por amor. Apaixonado pela vizinha Ritinha, que sustenta a mãe louca e as três irmãs, Edgard recebe a proposta de se casar com Maria Cecília, a filha de Werneck, seu patrão, que fora currada. A trama gira em torno das hesitações de Edgard e, como todo texto rodriguiano, traz tensões e desfechos surpreendentes, que escondem a hipocrisia e o moralismo de fachada da classe média que o autor soube tão bem analisar.

Bonitinha, mas ordinária é inédito na Bahia e também comemora 50 anos da primeira e histórica montagem, dirigida por Martim Gonçalves, no Rio de Janeiro. Para Luiz Marfuz, o texto de Nelson continua atualíssimo. “Ele atravessa qualquer época. É o nosso dramaturgo mais contemporâneo. Existem questões no texto que remetem ao conservadorismo da época (1962): virgindade, pureza, casamento, sexo. No entanto, o mais importante é foco no mercado de compra e venda de valores humanos e sociais, com ênfase no brasileiro”. 

Apesar do texto da peça ter estrutura cinematográfica (com projeções flash back) e já ter sido adaptado diversas vezes para o cinema – com direção de J.P. de Carvalho (1963), Braz Chediak (1981) e Moacyr Góes (2009) – nesta montagem, Marfuz procurou um diálogo entre esta linguagem e a teatral. “O cinema é uma referência na minha trajetória. Digo que literatura e cinema são dois eixos que me ajudam a moldar minha formação como artista e pessoa”, explica o professor da Escola de Teatro da Ufba.

Equipe

Esta é a terceira vez que Luiz Marfuz dirige um espetáculo de formatura dos alunos da Escola de Teatro da UFBA. Em 2008, ele montou Atire a primeira pedra (4 indicações ao Prêmio Braskem de Teatro) e, em 2011, Meu nome é mentira (5 indicações, com premiação de Melhor Diretor). Para o diretor, esta turma tem um traço particular: “eles já entraram na Escola de Teatro com experiências anteriores em grupos e espetáculos, o que dá um caldo na formação. Você lida com atores que têm um itinerário da prática, da experimentação, da pesquisa da cena e da atuação. Aliás, este vem sendo um perfil de entrada de grande parte dos alunos da Escola”.

E acrescenta: “Esta turma tem disciplina e vontade coletiva. Os atores são aplicados, gostam de experimentar e são sensíveis a propostas estéticas que os instiguem. Não têm o freio de mão puxado, fazem de tudo um pouco: produzem, resolvem questões técnicas, cantam, dançam, tudo isso na busca pela formação de um ator com potencialidade e disponibilidade que se exige hoje em dia”.

A montagem baiana conta ainda com uma equipe de renomados profissionais da cena local: Miguel Carvalho (figurino), Luciano Bahia (direção musical), Paco Gomes (coreografia), Rodrigo Frota (cenografia), Marcelo Jardim (preparação de canto), Elaine Cardim (preparação de voz), Leonel Henckes (preparação corporal).

SERVIÇO:

Bonitinha, mas ordinária

Onde: Teatro Martim Gonçalves – Rua Araújo Pinho 292, Canela (3283-7850 / 3283-7851)

Quando: De 1º/12 a 16/12, de quarta a domingo, às 20h

Entrada franca (a distribuição de ingressos começa 1 hora antes de cada apresentação)

Classificação: 14 anos

Texto: Nelson Rodrigues

Direção e Adaptação: Luiz Marfuz

Assessoria de Imprensa: Verena Paranhos

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