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Dilma chega à metade do mandato longe de cumprir promessa de entregar 6 mil creches
Uma promessa feita pela presidente Dilma durante a campanha à Presidência, em 2010, retrata o descaso com a educação e o bem-estar das famílias brasileiras, sobretudo as mais carentes. Das seis mil creches prometidas pela petista, apenas sete unidades foram entregues. Ou seja, metade do mandato se foi e menos de 1% da meta foi cumprida. Para os deputados César Colnago (ES) e Eduardo Gomes (TO), a distância entre o prometido e o realizado é resultado da soma de dois fatores: discurso meramente eleitoreiro e incompetência gerencial.
“Foi muito marketing em cima da boa-fé do povo brasileiro”, criticou Colnago. Na avaliação do tucano, é pouco provável que o governo consiga entregar pelo menos 30% do prometido. Para isso, teria que acelerar obras em andamento. Já a conclusão de todas as creches parece impossível. Em novembro, na coluna “Conversa com a Presidenta”, Dilma afirmou que 3.019 creches estavam em construção, mas os próprios números do Ministério da Educação desmentem a afirmação. O que se tem, na verdade, além das sete já entregues, são 1.140 realmente em construção, 1.342 em planejamento, 503 em fase de licitação, 17 paralisadas e 10 cujos projetos são reformulados.
“São sete creches em um universo de 6 mil. Isso mostra a total falta de empenho e desmonta aquilo que Lula tanto passou para a sociedade de que ela era uma grande gerente”, destacou Colnago. “O fato é que isso foi uma promessa completamente eleitoreira”, completou.
A ausência de creches para as crianças de áreas mais carentes representa problema sério para as famílias. Colnago ressalta que boa parte da renda de inúmeros lares depende das mães, que poderiam deixar seus filhos nas unidades e sair para trabalhar. Além disso, o deputado destaca que a creche tem um papel fundamental para o desenvolvimento cognitivo e social das crianças. “É um prejuízo imenso tanto social quanto econômico”, lamentou.
Os dados relacionados às creches foram obtidos pelo jornal “O Estado de S. Paulo” em pesquisa feita nos ministérios. De dez áreas levantadas, a educação foi a que apresentou a maior diferença entre o prometido e o cumprido. Apenas 11,4% das promessas da presidente para o setor foram colocadas em prática até agora.
“Isso mostra um descompromisso com uma área tão importante que deveria ser tratada com carinho tanto pelo ministério quanto pela própria presidente. É preciso rever uma postura de seriedade e compromisso com as famílias e as crianças, pois o futuro delas depende da qualidade da educação. O Brasil perde grandes oportunidades quando não investe como deveria nessa área”, pontuou Colnago.
Para Eduardo Gomes, o problema nesse caso não é apenas o descumprimento da promessa, mas a enorme diferença entre a campanha e o que foi realizado, pois demonstra o quão “mentiroso e eleitoreiro foi o discurso” do PT. “Ainda que se triplique a construção nos próximos dois anos, não vai se chegar sequer em 10%. É algo até maluco de se analisar”, disse.
Segundo ele, é preciso que a gestão mude para que as creches saiam do papel. “Se isso tem previsão orçamentária e está na organização do ministério, significa que o problema não é dinheiro. Ainda que se coloquem todos os royalties do pré-sal para a área, de nada irá adiantar se a gestão for essa”, disse.
Números
→ A primeira meta do Plano Nacional de Educação (PNE) é “ampliar, até 2020, a oferta da educação infantil de forma a atender 50% da população de até 3 anos”. Apenas 18% das 10 milhões de crianças em idade de creche estavam matriculadas no ano passado. Para suprir a demanda, seriam necessárias cerca de 19 mil unidades, mais do que as 6 mil prometidas.
→ De acordo com o levantamento do “Estadão”, o Ministério das Cidades tem a segunda realidade mais crítica quando se fala em execução: não chega a 17% das metas cumpridas. Em obras de saneamento e abastecimento de água, por exemplo, a promessa era aplicar R$ 34 bilhões. Mas o valor pago até a metade do mandato não ultrapassa 6,5%. Até novembro, a pasta havia contratado R$ 8,96 bilhões e pago apenas R$ 2,13 bilhões.
Reportagem: Djan Moreno/Foto: Alexssandro Loyola