Prefeitura suspende atividades, em decorrência da infecção de servidores pela covid-19
Leishmaniose visceral canina pode ser prevenida por meio da imunização dos cães
Desenvolvida no Brasil, Leishmune é a primeira vacina mundial contra a doença, aprovada pelo Ministério da Agricultura
Transmitida ao cão por uma simples picada de um inseto infectado pelo protozoárioLeishmania infantum, a leishmaniose visceral canina (LVC) é uma zoonose – doença que afeta animais e pode ser transmitida para humanos – que preocupa os proprietários tanto por sua gravidade quanto pelo destino previsto para os cães infectados. De acordo com as políticas nacionais de saúde pública, os animais infectados precisam ser sacrificados. Apesar de não existir alternativas para imunização humana, a doença pode ser prevenida em cães com Leishmune. “Trata-se da primeira vacina mundialcontra leishmaniose visceral canina e foi desenvolvida no Brasil”,salienta Tiago Papa, diretor associado da Unidade de Negócios Animais de Companhia da Pfizer Saúde Animal Brasil.
A vacina foi desenvolvida pela equipe da Profa. Dra. em Microbiologia Clarisa B. Palatnik de Sousa, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Foram 23 anos de pesquisa para o desenvolvimento da Leishmune, sendo os últimos cinco anos realizados em parceria entre a UFRJ e a Fort Dodge, uma empresa do grupo Pfizer e líder mundial em vacinas para cães e gatos. Esta parceria resultou no escalonamento industrial e na análise da segurança e imunogenicidade do produto em larga escala. Aprovada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) em 2003 e disponível desde 2004, Leishmune já foi utilizada na imunização de mais de 150 mil cães em todo o Brasil.
“É importante ressaltar que, além de proteger o animal vacinado contra a leishmaniose visceral canina, Leishmune age como bloqueadora da transmissão da doença” salienta Clarisa. Trabalhos publicados demonstraram que cães vacinados e expostos ao desafio não são transmissores da LVC1 e revelaram também que os anticorpos gerados pela vacina nos cães impedem o desenvolvimento do parasita no inseto e, assim, a sua transmissão para outros cães e seres humanos. “Por esta propriedade, a vacina bloqueia a transmissão da doença na natureza e, se a cobertura vacinal for ampliada, poderá interromper a epidemia 2”, completa Clarisa.
Leishmune é elaborada a partir de uma fração glicoproteica do protozoário causador da leishmaniose visceral canina, o FML (Fucose Manose Ligante). Para se considerar o cão imunizado, são indicadas três doses da vacina, que devem ser aplicadas a partir dos quatro meses de idade do animal – respeitando um intervalo de 21 dias entre cada uma das aplicações. “Depois deste processo, o cão deve receber, anualmente, uma dose de reforço, que garantirá a resposta imune. Trata-se de uma vacina segura produzida com tecnologia especial, capaz de induzir uma resposta imunológica eficaz e duradoura”, orienta Jaime Dias, coordenador Técnico da linha de Biológicos da Unidade de Negócios Animais de Companhia da Pfizer Saúde Animal Brasil
No entanto, vale lembrar que a vacina apenas deve ser administrada em cães sadios e soronegativos para LVC. “É importante ressaltar que o médico veterinário é o único profissional capacitado e habilitado a diagnosticar a doença e instituir o programa de vacinação com Leishmune”, alerta Dias. Os testes sorológicos começam a detectar os anticorpos de cães contaminados entre um mês e meio e quatro meses após a infecção e, ainda assim, podem apresentar resultados negativos neste período de janela imunológica.
Outro entrave ao diagnóstico é que há um grande número de cães infectados com a zoonose que não apresentam sintomas. “Em média, o período de incubação da leishmaniose visceral canina varia entre dois e cinco meses, porém alguns animais não apresentam sintomas mesmo tendo contraído a doença há anos”, finaliza.
A leishmaniose visceral canina é transmitida ao cão pela picada de um inseto do tipo flebotomíneo – popularmente conhecido como mosquito palha, birigui ou cangalhinha –, infectado com o protozoário Leishmania infantum chagasi. Diferentemente de outros mosquitos, o inseto transmissor da leishmaniose não necessita de água parada para o desenvolvimento de suas formas larvárias. Este mosquito multiplica-se em matéria orgânica, o que dificulta o seu controle.
LEISHMANIOSE VISCERAL CANINA
O que é
É uma doença parasitária grave, crônica, de curso lento, difícil diagnóstico e fácil transmissão tanto para o cão quanto para o homem.
Causa e transmissão
O agente causador da leishmaniose visceral é o protozoárioLeishmania infantum. A doença é transmitida ao cão pela picada de um inseto do tipo flebotomíneo– popularmente conhecido como mosquito palha, birigui ou cangalhinha –, infectado com o protozoário.
A partir do momento em que o cão possui a Leishmania na pele e no sangue, passa a ser fonte de infecção para os insetos, que por sua vez, podem infectar outros cães e os seres humanos. Outros animais domésticos e silvestres e, em menor proporção, o homem infectado podem ser fonte de infecção para os insetos.
Sintomas
Os sintomas de um cão com leishmaniose visceral são bastante variáveis. Podem ser observadas: lesões de pele, acompanhadas de descamações e, por vezes, úlceras (lesões abertas); perda de peso; lesões oculares; atrofia muscular e dificuldades de locomoção. Alguns cães apresentam ainda um crescimento exagerado das unhas. Em um estágio mais avançado, há o comprometimento do fígado, baço e rins, podendo levar o animal à morte.
Prevenção
Além da vacinação dos animais, o combate ao mosquito – com o uso de inseticidas no ambiente e de repelentes nos cães – associado às práticas de educação da população em relação à posse responsável e controle da natalidade canina são as principais ferramentas de prevenção da leishmaniose visceral.
É preciso atenção ainda às medidas de saneamento básico. As visitas regulares aos veterinários também são importantes, pois possibilitam o acompanhamento do estado de saúde dos animais e a realização de exames para possível identificação da doença.
Fontes:
1. NOGUEIRA, F.S. et al.Leishmune® vaccine blocks the transmission of canine visceral leishmaniasis. Absence of Leishmania parasites in blood, skin and lymph nodes of vaccinated exposed dogs. Vaccine 23 (2005) 4805-4810.
2. E Saraiva, E.M.et al. The FML-vaccine (Leishmune®) against canine visceral leishmaniasis: A transmition blocking vaccine.Vaccine 24 (2006) 2423-2431