Chove acima da média no sertão

 Chove acima da média no sertão

Chuvas com mais de 100% acima do esperado atingiram diversos municípios do interior de Sergipe na madrugada de sábado. As cidades de Simão Dias, Tobias Barreto, Pinhão, Pedra Mole, Lagarto, Frei Paulo, Itabaiana, Carira, Nossa Senhora da Glória, Poço Redondo e Canindé foram beneficiadas. Entre 50 e 60 milímetros de água caíram, enquanto o esperado para a época era de no máximo 30 mm. A tendência deve continuar na madrugada deste domingo nos municípios citados. Aracaju e o alto sertão devem ser atingidos nesta noite, mas com pluviosidades mais leves. As chuvas devem continuar em todo o Estado nos próximos 20 dias, mas em menor intensidade. As informações são de Overland Amaral, coordenador de Centro de Meteorologia da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, (Semarh).

 “Os reservatórios de usinas hidrelétricas foram favorecidos, mas não o suficiente para afastar a possibilidade de racionamento”, disse Overland Amaral. As precipitações eram esperadas há cerca de uma semana, de acordo com ele. “Elas realmente vêm contribuir para as usinas de energia, em particular Paulo Afonso I e II e Xingó. No entanto, como o nível de armazenamento delas estava bastante reduzido, com um déficit hídrico de 1300 mm, teria que chover cerca de 22 vezes o que choveu na madrugada de ontem. As bacias do Brasil Central, o que inclui o Baixo São Francisco, também devem ser favorecidas”, afirmou o meteorologista. O racionamento, dessa forma, não pode ser ainda descartado. As pluviosidades, entretanto, serão suficientes para refrescar a pastagem.

 No final, tudo deu certo. Mas até quando?

 O Secretário de Agricultura e Desenvolvimento Rural (Seagri), José Macedo Sobral, afirmou ao JORNAL DA CIDADE este mês que o Governo do Estado estava preparando-se para o pior cenário, ou seja, 90 dias de estiagem. Caso as previsões do Centro de Meteorologia de Sergipe se confirmem, essa precaução não será necessária.

 De acordo com Overland Amaral, o sistema causador das precipitações não está funcionando a contento. “O vórtice ciclônico de altos níveis deveria atuar mas, devido à baixa umidade e ao vapor d’água pouco expressivo, o ponto de orvalho [nuvem carregada] não foi atingido. O Oceano Atlântico não recarregou a atmosfera”, comentou Amaral.

 “O fato foi que a região do sul da Bahia até Sergipe e Alagoas estava bastante aquecida. A frente fria que vem de 100 ou 200 quilômetros do Atlântico chocou-se com o calor do litoral, provocando as precipitações”, disse o meteorologista.

 Amaral descreve o evento, que tem beneficiado o Nordeste, como passageiro. A área atingida vai da Bahia, passando pelo sudoeste e noroeste de Sergipe, atingindo Alagoas e chegando o interior extremo a oeste de Pernambuco; por fim, atinge a Paraíba e o sul do Ceará, Piauí e Maranhão. “Trata-se de um sistema atuando fora de época”, frisou.

Para acabar com as dúvidas, o meteorologista se reunirá com colegas em Fortaleza entre os dias 22 a 25 para discutir o problema da seca na região. O encontro tem como objetivo prever o comportamento pluviométrico dentro dos próximos seis meses.

Foto: Padre Isaias Nascimento/ Divulgação

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