Praças dos Esportes e da Cultura. Por Bruno Peron

 Praças dos Esportes e da Cultura. Por Bruno Peron

Mais uma parceria interministerial estabeleceu-se na luta infindável contra a pobreza e a meia-cidadania no Brasil. Desta vez, o Ministério da Cultura coordena a construção de centenas de Praças dos Esportes e da Cultura (PEC) em áreas urbanas de vários estados brasileiros. Há três modelos de PEC que se erigem em terrenos de 700 m², 3.000 m² e 7.000 m² em bairros que foram selecionados pelo critério de nível educativo e renda.

A PEC é uma política social que visa a reduzir a carga economicista da segunda etapa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) através do incentivo ao desporto, o lazer e o uso da cultura. Esta etapa do PAC vigora desde março de 2010 e contempla projetos sociais como os do Eixo Comunidade Cidadã.

Está prevista, entre 2011 e 2014, a construção de 800 PECs, que visam a “integrar num mesmo espaço físico, programas e ações culturais, práticas esportivas e de lazer, formação e qualificação para o mercado de trabalho, serviços sócio-assistenciais, políticas de prevenção à violência e inclusão digital, de modo a promover a cidadania em territórios de alta vulnerabilidade social das cidades brasileiras.” (http://pracas.cultura.gov.br)

As Praças são um espaço de convergência de atividades de lazer e desporto que envolve os esforços de seis Ministérios. No entanto, mais se administram as desigualdades do que se reduzem fatores de distanciamento das pontas desiguais neste país. Ao mencionar que a PEC se volta aos “territórios de alta vulnerabilidade social das cidades brasileiras”, a proposta do Ministério da Cultura praticamente inclui todas as zonas urbanas do país.

Assim, o ponto desfavorável é de longo prazo. As Praças constituem um espaço de distração da ignorância e da pobreza no Brasil na medida em que adiam a necessária reforma estrutural na educação e no emprego de moradores de bairros carentes.

Outra noção que a redução da pobreza inspira é a promoção da cidadania de modo que moradores de certos bairros sintam que pertencem à cidade. Deste modo, a exclusão não é só estatística senão também subjetiva. Logo, a exclusão resolve-se no manejo dos números de inclusão e na sensação de pertencimento a uma cidade feita para todos.

Ainda, as PEC nomearam-se no momento em que a ágora deixa de ser as praças públicas e torna-se os shopping centers; aquelas descuidam-se como áreas de delinquência, mendicância e acúmulo de sujeira, ao passo que estes modernizam-se para oferecer mais conforto e comodidade aos clientes. Falar de Praça dos Esportes e da Cultura como espaço público é uma tentativa de resgate da cidadania e dos usos coletivos da cidade.

Apesar dos contratempos das PEC, sua realização trará melhor qualidade de vida a milhares de pessoas. Uma destas melhoras é que estes espaços públicos aproximam os titulares da cidadania em atividades saudáveis de tal forma que os gestores atuais do espaço público (administradores de shopping centers, operadores de celular, provedores de Internet, proprietários do Facebook, etc.) fazem suspeitosamente.

A cultura duplica sua importância em união com o esporte, o lazer e a cidadania.

 

http://www.brunoperon.com.br

Deixe uma Resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *