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Árvores no Balneário de Glória!Por Francisco Nery Júnior
O novo Balneário de Glória está bonito. Mas faltam árvores! Cheguei para comer tilápia – o pessoal dos quiosques faz tilápia que só eles sabem fazer – e não encontrei nenhum cantinho de sombra para estacionar o carro, não bastasse o fato de não mais encontrar o delicioso tucunaré. O carro ficou no sol, tostando e estragando a pintura. Um patrimônio em torno de R$60 mil reais mereceria uma sombrinha para se abrigar. Foi comprado com o restinho que o governo deixa de nos confiscar. É um patrimônio valioso a julgar pelo interesse que os meliantes têm por ele: foram mais de 400 mil carros roubados no Brasil no espaço de um ano.
Já sabemos, pelo que vemos, que os arquitetos não gostam muito de árvores. É só olhar os seus projetos e enxergar algumas poucas mirradas, mais arbustos do que árvores, colocadas em certos pontos, como que anos consolar ou, mais provavelmente, para evitar observações como a que agora faço. As árvores roubariam a cena, é isto? Arquitetura deve evitar o natural,isto? O natural são florestas e bosques abundantes que abrigam vida e arejam a atmosfera. Projetos concebidos pelo homem dispensariam as árvores, isto mesmo?
Em grandes cidades, talvez pelo fato de mais pessoas se interessarem pelo verde – preocupadas pela falta dele –, pelo menos os projetistas preservam as árvores existentes. Quem passar pela Avenida Garibaldi em Salvador (por onde regressava de bonde, o último bonde de Salvador, doC olégio Manoel Devoto no Rio Vermelho, aluno de sétima série, pongando e despongando com os colegas para irritação do condutor e do motorneiro), quem por lá passar, agora em modernos e confortáveis ônibus e automóveis, verá frondosas árvores centenárias abrigando vida, provendo sombra e humanizando avelha capital da Bahia.
No Balneário de Glória – foi o que vi – cortaram árvores! As três que me abrigavam, quando lá ia, não existem mais. Foram impiedosamente erradicadas, sabendo que erradicar significa arrancar pela raiz. Não plantaram outras. Até agora não plantaram novas árvores! Não vi preocupação em plantar novas árvores mesmo que a legislação preconize o plantio de duas para cada uma sacrificada.
Saudade das velhas árvores do Balneário de Glória! Saudade minha; lágrimas de quem plantou. A menos que tenha me enganado, vi lágrimas nos olhos de quem as plantou enquanto comigo lamentava um sacrifício completamente desnecessário, sem sentido; talvez perverso.
Francisco Nery Júnior