A Presidente e a governabilidade.Por Francisco Nery Júnior

 A Presidente e a governabilidade.Por Francisco Nery Júnior

Muita gente deve ter voltado a chamar Dilma Rousseff de presidente; com e no fim ( e em itálico que a máquina do site não imprime). Presidenta (pronúncia de sonoridade inferior a presidente) era para os tempos de alta. A presidente Dilma está em baixa. Caiu de piquete, palavra usada na minha quinta série pela Professora Carmem dos Anjos quando um colega despencou na terceira unidade do ano letivo de um ano qualquer do passado.

Dilma caiu vertiginosamente. O pior é que está sozinha. Quase sozinha. À proporção que a presidente se enfeza, mais rato pula pra fora do barco. Que ela afunde sozinha, parecem dizer aqueles que uma vez a bajularam. Para eles, parece que nada de mal está acontecendo. Tomam como certo, por conveniência, que as manifestações de um povo abufelado se dirigem apenas à pobre e solitária mandatária.

O dia de hoje, 11 de julho, é dia de paralização nacional, convocada nada mais, nada menos, pasmem, pelas Centrais Sindicais. As manifestações continuam brabas pelo imenso Brasil. A corda arrebentou e todos parecem recorrer a um salve-se quem puder das Arábias. A governabilidade do Governo Dilma Rousseff dá claros sinais de ter evaporado em quimeras de espuma. Dilma Rousseff perdeu a governabilidade. O que o meu leitor esperava ler nesta coluna – senão isto – quando o presidente do partido da presidente vai para as ruas, com bandeiras vermelhas e tudo, para protestar? Quem é governo tem muitos e variados meios institucionais de protestar. Protesto de governo é ação e eficiência. Bem pertinho de nós, a nível municipal, isto pode ser verificado.

Vocês já notaram que ninguém fala em renúncia? Do suicídio de Getúlio para cá, o brasileiro se tornou doutor em crise política. Em vinte anos de regime militar, houve estabilidade política com crescimento econômico polpudo. Só que a estabilidade de baionetas armadas desagradou aos brasileiros e o regime caiu. Ninguém gosta de tutela e todos amamos a liberdade. Num país que passou pelas crises dos governos Café Filho, João Goulart, Jânio Quadros e Fernando Collor, nada se ouve sobre renúncia. Os horizontes não brilham. As opções metem medo. O futuro é incerto.

A Presidente foi vaiada no último encontro com os prefeitos do Brasil. Fechou a cara e se refugiou entre os áulicos do poder presentes na solenidade. A presença do partido do governo nas ruas a protestar, a paralisação nacional convocada pelas centrais sindicais e a vaia dos prefeitos nos levam à clara conclusão que a governabilidade escorrega rapidamente das mãos da Senhora Presidente. Vai ser muito difícil a presidente recuperar o controle do governo. Isto seria tarefa para um estadista. Dilma, infelizmente, parece estar muito longe disto.

 professor nery

Francisco Nery Júnior

Deixe uma Resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *