Prefeitura suspende atividades, em decorrência da infecção de servidores pela covid-19
Necessitado, interior baiano aguarda efeito do Mais Médicos
Com 417 municípios, a Bahia é um dos destinos dos profissionais que se cadastraram no primeiro ciclo de contratação do programa Mais Médicos. No estado, segundo o Ministério da Saúde, foram 317 municípios que se candidataram, o que representa 76% do total. Nos lugares menores, destino prioritário do projeto, a esperança é que as medidas anunciadas aconteçam logo, como em Cotegipe, no extremo-oeste baiano. Distante 850 quilômetros de Salvador, a cidade não tem nenhum hospital e conta apenas com um centro médico não reconhecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), que atende em situação precária. “É uma cidade desassistida em tudo. Se alguém quebrar uma perna, quebrar uma clavícula, ou mesmo ter um AVC [acidente vascular cerebral – derrame], a gente tem que encaminhar para Barreiras”, diz Maria Augusta Silveira, secretária de Saúde do município, administrado pelo PSD, ao Bahia Notícias.
Cotegipe solicitou seis profissionais para o programa do governo e, dos médicos que atendem na localidade, apenas um fez cadastro com a intenção de permanecer. Já em Pintadas, no centro-norte baiano, a 255 km da capital, o gestor do fundo de saúde, Gerônimo Moreira de Carvalho, espera contar com as duas equipes solicitadas, em substituição ou permanência dos dois profissionais terceirizados que atendem à cidade inteira. Mesmo assim, a situação de Pintadas, com 10,3 mil habitantes, é melhor do que a de Cotegipe. Tem um hospital e cinco postos espalhados na sede e no interior do município governado pelo prefeito Edenivaldo Ferreira Mendes (PT). Para ele, o grande problema enfrentado é o mesmo de muitos outros pontos da Bahia e está relacionado à permanência do profissional. “A realidade de muitos municípios do interior é essa. Quando se tem o médico, tem de maneira inadequada”, comentou.
Em uma realidade diferente, segundo a prefeita e atual presidente da União dos Municípios da Bahia (UPB), Maria Quitéria (PSB), Cardeal da Silva (nordeste baiano, a 142 km de Salvador) não se cadastrou. De acordo com a gestora, o preenchimento das quatro unidades (uma ainda incompleta) do Programa de Saúde da Família no município fez com que a cidade optasse pela adesão – uma espécie de aprovação – e não pelo cadastramento. Cardeal da Silva conta com um pronto-atendimento para casos de urgência e emergência. A administradora, porém, admite a situação dominante na maioria dos municípios baianos. “Eu tenho médicos porque eu pago caro para ter. Os municípios menores são os que mais gastam com saúde porque não têm hospitais estaduais e, por isso, têm que gastar com deslocamento e levar toda a demanda deles para municípios vizinhos ou para capital”, avaliou.
Em posição contrária ao programa, o prefeito Rui Macedo (PMDB), de Jacobina (centro norte baiano, a 330 km), disse que preferiu ficar de fora do Mais Médicos. A cidade tem uma população maior do que as duas primeiras, em torno de 80 mil habitantes. O peemedebista, que também é médico, considera que o projeto peca por “forçar a barra” com a importação de profissionais estrangeiros sem a necessidade de passar pela avaliação, no caso, o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida). “Eu sei que os médicos brasileiros são bem recebidos no exterior, mas não podemos aceitar que venham estrangeiros sem nenhum critério”, declarou. Rui Macedo acredita que dificuldades de língua e de conhecimento de enfermidades locais podem ser agravantes para um possível fracasso do programa. Segundo o Ministério da Saúde, 18.450 profissionais se inscreveram, mas somente 3.123 inscrições estão finalizadas, o que deixa 15.327 registros pendentes com prazo final para serem concluídas no domingo (28). Destes com pendência, a pasta informou que 8.307 têm números profissionais inválidos. O órgão federal ainda declarou que pouco mais 10% (1.920) foram de inscrições de estrangeiros. Foi informado também que 3.511 prefeituras se inscreveram para participar do projeto.BN