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No Twitter, Dilma Rousseff classifica agressão dos black blocs a coronel da PM de “barbáries antidemocráticas”
O coronel teve a clavícula quebrada e escoriações no rosto e na cabeça. Com frases duras contra os manifestantes, a presidente cobrou ainda punição
Via Twitter, a presidente criticou diretamente os black blocs e prestou solidariedade ao coronel da Polícia Militar de São Paulo Reynaldo Simões Rossi , “agredido covardemente sexta-feira por um grupo de black blocs em SP”. O coronel teve a clavícula quebrada e escoriações no rosto e na cabeça.
A arma dele foi roubada e segue desaparecida, o rádio comunicador foi recuperado. Enquanto era retirado do local, Rossi pediu que a tropa agisse com calma, “sem perder a cabeça”. O coronel foi levado a um hospital e passa bem. “Agredir e depredar não fazem parte da liberdade de manifestação. Pelo contrário. São barbáries antidemocráticas. A violência cassa o direito de quem quer se manifestar livremente. Violência deve ser coibida”, escreveu Dilma no microblog.
A presidente cobrou das forças de segurança “a obrigação de assegurar que as manifestações ocorram de forma livre e pacífica”. Com frases duras contra os manifestantes, a presidente cobrou ainda, da Justiça, a punição para “abusos, nos termos da lei” e ainda pôs o governo federal “à disposição do governo de São Paulo” para o que for necessário. As mensagens sobre a manifestação em São Paulo foram postadas por volta das 11h30m de sábado.
A ministra de Direitos Humanos, Maria do Rosário, também escreveu em sua conta no Twitter. Ela manifestou “solidariedade” ao coronel agredido e informou que a Secretaria de Direitos Humanos está à disposição dos que sofrerem qualquer tipo de agressão em manifestações. Oito pessoas seguem presas em decorrência da violência ocorrida na manifestação de sexta-feira.
O comerciário Paulo Henrique Santiago dos Santos, de 22 anos, foi identificado como agressor do coronel. Ele foi indiciado por tentativa de homicídio e associação criminosa. A polícia chegou a anunciar a identificação de um segundo agressor, um fotógrafo, mas a participação dele não foi comprovada. Além do comerciário, outras 10 pessoas foram presas em flagrante em atos de vandalismo. Sete delas — com idades entre 18 e 23 anos — foram indiciadas por arremesso de explosivos ou explosão, depredação do patrimônio público e associação criminosa. Por serem adolescentes, eles respondem por ato infracional e dano qualificado e deverão ser transferidos para a Fundação Casa.
Os oito presos estão no 2º Distrito Policial, no Bom Retiro, e deverão ser transferidos ao Centro de Detenção Provisória do Belém. No total, 92 pessoas foram detidas durante a manifestação. A maioria foi solta e não foi indiciada por falta de provas de participação individualizada nos atos de violência.
Seus nomes, porém, passam a fazer parte de um banco de dados destinado a investigar pessoas que cometem atos de violência ou depredação durante manifestações em São Paulo. Domingos Paulo Neto, diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), afirmou que todos os detidos estão sendo investigados e os dados analisados pelo setor de inteligência da polícia, que cruza informações sobre as diversas manifestações.
Os que forem identificados depredando ou praticando atos violentos deverão ser investigados e poderão ser indiciados num único inquérito, conduzido pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), destinado a apurar a associação criminosa. Segundo Paulo Neto, desde o início das manifestações, em junho passado, ocorreram 10 atos no centro de São Paulo.
Foram abertos 142 procedimentos e lavrados 80 boletins de ocorrência. Trinta e seis pessoas foram presas em flagrante. Outras 26 lavraram termos circunstanciados. — As polícias e a sociedade estão cansadas de serem prejudicadas por uma minoria inconsequente. Sexta-feira, se chegou ao absurdo de se atentar contra a vida de um coronel — afirmou o diretor do Decap. O major da PM Mauro Lopes classificou o ataque ao coronel como covarde e convocou a sociedade civil a se unir à polícia para dar uma resposta aos depredadores, que ele chamou de “grupo de delinquentes”.
Ele lembrou que manifestações já mudaram o país, mas foram feitas de caras limpas ou pintadas, mas não encapuzadas. — Em rosto coberto a gente não confia — afirmou. Tanto Lopes quanto Paulo Neto rebateram às críticas de que o setor de inteligência da polícia tem demorado a identificar os que praticam atos de violência. Eles argumentaram que a polícia deve agir de forma responsável e cautelosa, pois se entrar em confronto direto com os encapuzados, denominados black blocs, os manifestantes que agem de forma pacífica também podem ser atingidos. — Infelizmente surgiram esses pseudos black blocs. Eles atrapalham manifestações legítimas — disse o major.
A agressão ao coronel foi classificada como covardia, pois ele tem perfil negociador e, provavelmente, não esperava ser agredido. Rossi foi socorrido pelo policial que dirigia a viatura, chamado por todos de “anjo da guarda”. Todos elogiaram a ação do policial, que estava armado e sacou o revólver, mas manteve o autocontrole e não disparou nenhum tiro.
Ao comentar sobre os black blocs, o major Mauro Lopes não titubeou: — Para nós, é uma associação criminosa. O major contou ainda que a polícia paulista está monitorando as redes sociais e que a hora é de unir forças: — Estamos mais perto de uma resposta mais enérgica — afirmou. Agência O Globo