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Rotina na Papuda: mensaleiros presos tomam banho frio
Na penitenciária de Brasília, refeições são servidas três vezes ao dia; visitas são quinzenais
Nove dos 12 condenados no mensalão que tiveram as prisões decretadas pelo STF (Supremo Tribunal Federal) ocupam desde este sábado (16) celas no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília — também presa, a ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabelo foi transferida para a Superintendência da Polícia Federal. A penitenciária de segurança máxima com capacidade para 5.000 detentos comporta aproximadamente 9.000 atualmente, segundo dados da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal.
Na Papuda, os condenados não têm grandes privilégios. As celas são compostas por cama, sanitário e local para banho — não há chuveiro, mas apenas um cano de água fria. As refeições são servidas três vezes ao dia: no início da manhã, por volta do meio-dia e no início da noite. As visitas de familiares costumam ser quinzenais.
O presídio fica a cerca de 30 km da área central de Brasília e recebe presos condenados pelos mais diversos crimes. No local, sob custódia da Polícia Federal, os mensaleiros aguardam a decisão do juiz da VEP (Vara de Execuções Penais) de Brasília, que vai determinar onde cada um irá cumprir a sua pena.
Alas
Caso o juiz da VEP decida manter os condenados presos em Brasília, a penitenciária da Papuda tem alas destinadas para receber presos tanto em regime fechado quanto no semiaberto.
Uma das possibilidades é que os presos em regime fechado, caso do empresário Marcos Valério, do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e do ex-dirigente do Banco Rural José Roberto Salgado, permaneçam no Complexo Penitenciário da Papuda.
Uma das alas que recebem esse tipo de preso é a PDF I (Penitenciária do Distrito Federal I), onde está o deputado afastado Natan Donadon (sem partido-RO). Segundo a Secretaria de Segurança Pública do DF, a PDF I é um estabelecimento de segurança máxima mais moderno do que o resto do complexo e possui biblioteca, oficinas de trabalho e salas de aula. Além disso, essa unidade conta com um núcleo de saúde, com consultórios médico e odontológico, além de psicólogos.
Os condenados no mensalão podem ir também para PDF II, a construção mais nova de todo o sistema prisional, com projeto praticamente idêntico ao da PDF I. Ela abriga os presos do regime fechado e, excepcionalmente, presos do regime semiaberto, nos casos em que eles ainda não têm emprego ou não receberam autorização formal para trabalhar. A unidade também tem biblioteca, oficinas de trabalho, salas de aula e núcleo de saúde.
Já os condenados ao regime semiaberto, como o ex-presidente do PT José Genoino, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu e do ex-deputado Romeu Queiroz, devem ser encaminhados para o CPP (Centro de Progressão Penitenciária). O presídio fica no SIA (Setor de Indústria e Abastecimento), em Brasília, distante cerca de 15 km da área central da capital.
Cumprem pena no CPP os presos que já tiverem efetivamente autorização formal de trabalho externo e de saídas temporárias. O local tem capacidade para cerca de 1.100 presos, que trabalham durante o dia fora da estrutura carcerária e dormem na prisão.
Mulheres
A ex-diretora financeira da agência de publicidade SMP&B Simone Vasconcelos e a ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabelo, condenadas a cumprirem pena em regime fechado, devem ir para a PFDF (Penitenciária Feminina do Distrito Federal), conhecida como Colmeia. Simone Vasconcelos já está na penitenciária e Kátia Rabelo foi transferida para a Superintendência da Polícia Federal.
Localizada no Gama, a Penitenciária Feminina do Distrito Federal é um presídio de segurança média, que recebe condenadas ao regime fechado e semiaberto, além de presas provisórias, que aguardam julgamento. Segundo a Secretaria de Segurança Pública, a Colmeia abriga presas provisórias federais em caráter excepcional e em casos previamente analisados pela Vara de Execuções Penais.
A PFDF possui blocos separados para as internas em prisão provisória e em regime semiaberto e fechado, e conta com oficinas, salas de aula e biblioteca. Existe uma ala para gestantes e para lactantes, que permanecem com os bebês até, pelo menos, os seis meses de idade.
Há assistência médica (clínica geral e psiquiatria), psicológica e odontológica para as mulheres. No local, também há enfermaria, farmácia e consultório médico, com psiquiatra fixo na unidade, psicólogos e terapeutas ocupacionais. Além disso, são oferecidas atividades de terapia ocupacional, como cultivo de horta e oficina de reciclagem de papel.
De Marcola a Dirceu
O Complexo Penitenciário da Papuda já recebeu outros presos “ilustres”. O presídio que hoje abriga o deputado afastado Natan Donadon (sem partido-RO) recebeu recentemente o bicheiro Carlinhos Cachoeira, preso sob a acusação de comandar um esquema de jogos ilegais em Goiás.
O ativista italiano Cesare Battisti também ficou preso na Papuda. Ele foi detido depois de chegar ao Rio de Janeiro, em 2007, portando passaporte falso. Na Itália, ele foi condenado por quatro homicídios.
Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, considerado o líder da organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), passou por vários presídios em 2001 — ele não se estabeleceu em nenhum devido a sua alta periculosidade. Durante esse tour, Marcola ficou por alguns dias no presídio do Distrito Federal.
A Papuda também abrigou, em abril de 1997, os quatro jovens acusados de incendiar e matar o índio pataxó Galdino Jesus dos Santos, que visitava Brasília para participar das manifestações pelo Dia do Índio.
Na galeria dos políticos presos na Papuda, figura ainda o ex-deputado distrital Geraldo Naves. Ele foi preso em fevereiro de 2010, acusado pela PF de envolvimento na tentativa de suborno de uma testemunha do mensalão do DEM. Acusado de comandar o esquema, ex-governador José Roberto Arruda escapou da Papuda, sendo detido apenas na sede da Polícia Federal. R7