O encontro de Luís com Paulo de Deus

Vimos na mídia – está neste site – o encontro rural do líder político Luís de Deus com o ex-prefeito Paulo, também de Deus (com esse sobrenome, têm que ser do bem, e o são de forma incontestável até o momento). Vinte anos no poder em Paulo Afonso, interrompidos por um breve interregnum que a esquerda não soube aproveitar – poderiam ser suficientes para algo errado ou fora da ética ter vindo à superfície. O argumento se reforça quando sabemos que a linha da ética, na política, ou no exercício político, é bastante tênue; bastante incerta e escorregadia, para um lado e para outro. A coisa se complica ainda mais quando se discute se a desonestidade (ou a corrupção) parte, ou é incentivada, pelo indivíduo. No caso da política profissional, pelo eleitor. Quando os casos pipocam para fora, entendemos como alguns candidatos eram eleitos, alguns insistentemente por anos a fio. Deixávamos de confiar na nossa, embora humilde, capacidade de avaliação.

A esquerda de Paulo Afonso não soube aproveitar o espaço entre reinos de quatro anos em que esteve no poder. Historicamente verificamos que os líderes de esquerda são competentes na destruição do status quo. Uma vez no poder, se comportam como o adolescente que o irmão mais velho, ou o companheiro mais experimentado da rua, leva para o bordel. Eles não entendem – ou não querem entender – provavelmente com medo de perder o poder recém-conquistado, que dependem de assessoria para governar. E governar é uma coisa que se aprende; com quem tem experiência.

Quem tem a experiência é exatamente a direita que esteve no poder. Lá existem pessoas treinadas, honestas e capazes de orientar a organização do novo governo. Barak Obama manteve o secretário de defesa do Governo Bush. Houve casos anteriores no governo americano de pessoas do lado contrário ideologicamente serem mantidas na nova administração. É verdade que o secretário acaba de trair Obama, o que torna o meu exemplo talvez inoportuno.

A mídia também aponta o Dr. Paulo, que se revelou um excelente e parcimonioso administrador da coisa pública, como pré-candidato à Prefeitura nas próximas eleições. Fica a dúvida, a partir da foto publicada, os irmãos de mãos dadas, se houve a bênção do irmão mais velho. A reunião foi de família e unidade e paz familiar são coisas a serem preservadas a ferro e fogo. O melhor que alguém faz é evitar inimizade na família e na vizinhança. As velhas senhoras da Bahia costumam agradecer um favor adquirido com a expressão Deus lhe dê um bom vizinho.

A direita acumula expertise em administração. Não dizemos excelência, que pode acontecer, mas expertise. Basta ver Edson Lobão no Ministério das Minas e Energia, convidado e blindado pela Presidente, ex-guerrilheira da esquerda de ponta, Dilma Rousseff.

A eleição se aproxima e o que esperamos mesmo é que os políticos locais se entendam e que tragam o melhor para a nossa região. A bem da verdade, temos visto bons resultados ultimamente. Que se entendam. Até que reneguem, ou remodelem, por assim dizer, as suas posições ideológicas. A China já faz isso há muito tempo. A África do Sul, idem. Até Cuba, com Fidel ainda vivo, começa a fazer. Se olharmos para a História Mundial com olhos desejosos de mudança para melhor para o nosso povo, veremos, embora também vejamos mudanças indiscutivelmente advindas de sacrifícios, conflagrações absolutamente evitáveis eivadas de sacrifícios de vidas e de recursos.

O melhor que os nossos políticos podem fazer em benefício de um povo esquecido e tradicionalmente espoliado – e eles sabem disso – é se entender. Há lugar para cada um deles no nosso coração.

Por Francisco Nery Júnior