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Caso Pasadena: ex-diretor rejeita queixa de Dilma sobre cláusulas
Edson Ribeiro, advogado do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, disse ontem (2) que seu cliente entregou todo o processo relativo à compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, aos integrantes do Conselho de Administração da estatal 15 dias antes da reunião que aprovou o negócio em 2006. Foi uma resposta à presidente Dilma Rousseff, que à época comandava o conselho. Dilma sustenta que só aprovou a compra porque recebeu um resumo “falho” escrito por Cerveró.
Ontem, o Planalto negou ter recebido o processo completo. O empresário Jorge Gerdau Johannpeter , que integrava o conselho em 2006, também afirmou, via assessoria de imprensa, não ter recebido o processo completo. Acareação. A declaração do advogado é a primeira manifestação oficial de Cerveró desde que ele foi acusado por Dilma, em nota revelada há três semanas pelo Estado, de ter entregue um parecer incompleto para a avaliação do conselho. Ribeiro sustenta que os dados completos sobre a compra de Pasadena, incluindo as cláusulas Put Option e Marlim – das quais a presidente diz não ter sido informada -, foram “encaminhados” a todos os membros do conselho, negando a versão de que apenas estavam “disponíveis” se alguém solicitasse.
O advogado não informou se seu cliente tem provas – como um protocolo – de que os dados foram encaminhados, mas disse que Cerveró está disposto até a uma acareação com Dilma. Conforme o ex-diretor, o resumo executivo citado pela presidente como o único norte para sua aprovação à compra de Pasadena não continha informações sobre cláusulas contratuais porque se destinava a destacar a relevância do negócio. “Todos, sem exceção, tiveram acesso à informação da existência das cláusulas Putin e Marlim. Todas as autoridades e suas assessorias. Isso está previsto em norma interna da Petrobrás justamente para que os conselheiros tenham fundamento para aprovar ou não. Não podemos avaliar que um conselho vai aprovar um negócio desse tamanho com base num resumo”, afirmou o advogado. “Estou dedicando o esquecimento dos membros do conselho a um lapso temporal.”
Segundo o advogado, Cerveró esta “indignado com a nota da presidente” sobre o caso e, por isso, decidiu antecipar seu retorno ao Brasil – ele estava com a família na Alemanha – para apresentar sua defesa. “A indignação é total com relação a essa nota. Ele não vai admitir ser colocado como bode expiatório numa pretensa aquisição desastrosa da refinaria de Pasadena.”
Após a nota da presidente Dilma, Cerveró foi demitido da diretoria financeira da BR Distribuidora e o Congresso ameaça instalar uma CPI para investigar a compra da refinaria. O ex-diretor de Refino Paulo Roberto Costa, que teria elaborado o contrato de Pasadena, foi preso pela Polícia Federal suspeito de participar de uma rede de lavagem de dinheiro e o primo do ex-presidente José Gabrielli, que era diretor da Petrobrás América quando o caso de Pasadena foi tratado judicialmente, foi demitido da petroleira. A refinaria de Pasadena custou aos cofres públicos US$$ 1,2 bilhão, quando havia sido comprada por outro grupo um ano antes por US$$ 42,5 milhões. Estadão Conteúdo