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Currais eleitorais mantêm força na Bahia
Salvador continua sendo o principal curral eleitoral para eleger parlamentares. Maior colégio do estado, a capital baiana foi responsável pela maior votação de 18 deputados, um deles com mais de 86% dos votos concentrados na cidade, o delegado Deraldo Damasceno (PSL). Prova inequívoca de um argumento simples: os currais nunca deixaram de existir. E persistem também nos grandes centros urbanos.
Mas engana-se quem pensa que a captação de votos ficou restrita, em 2010, aos grandes domicílios eleitorais, como Feira e Vitória da Conquista. Microrregiões como Campo Formoso, Guanambi e Paulo Afonso também foram fontes preferenciais de votos para legisladores.
A pequena Casa Nova, no extremo norte, foi palco de uma disputa ferrenha. Dois deputados, Adolfo Viana (PSDB) e Luciano Simões (PMDB) obtiveram a maior votação no município, com vantagem para o tucano, com quase 30% do eleitorado.
Prática comum no começo do século XX, esses currais ainda permanecem ativos no processo eleitoral. A opinião é do cientista político Jorge Almeida, e encontra amparo no comportamento de políticos nos dias de hoje – candidatos ao Executivo ou Legislativo.
“O curral eleitoral é um local que possui uma liderança e essa liderança possui o controle dos votos. Nessa concepção, ele ainda existe”, afirma o pesquisador. Segundo ele, a capacidade de angariar votos para si ou para transferir para outros é um resquício dos antigos coronéis.
Há 30 anos na Assembleia, o deputado estadual Reinaldo Braga (PR) tem a fórmula para permanecer no cargo e manter as bases. “É preciso dar assistência, estar presente. Assim, o eleitor vota em você”, afirma Braga.
Controle
Hoje republicano, Braga passou pelo PDS, PMDB, PFL e PSL, sendo votado, principalmente, nas regiões próximas a sua cidade natal, Xique-Xique. Lá, ele obteve 43% dos votos válidos do município. Porém é em Itaguaçu da Bahia, onde obteve 52% da preferência dos eleitores, que ficam exemplificados o controle e a influência dos “investimentos na base”.
Essa zona de controle “não deixa de ser um voto de cabresto”, sinaliza o cientista político. São elas que garantem os currais eleitorais mais de 80 anos depois da República Velha.
“Mesmo que as ações violentas tenham diminuído, o uso de dinheiro e da máquina do estado ainda persiste”, completa Almeida. “Tem pessoas que votam e agem com o voto tendo valor ideológico. E tem pessoas que têm um voto programático”, indica.
Nesse primeiro tipo de eleitor, o deputado Zé Raimundo (PT) argumenta concentrar suas forças. “Eu sou militante e tenho uma parceria com o deputado federal Valdenor Pereira (PT). Como estava sem mandato em 2008, me concentrei na militância”, diz.
Sua base eleitoral continua naquela região, ampliada nos três anos na Assembleia. “Em 2010, dois prefeitos nos apoiaram. Já em 2012, conseguimos apoiar a eleição de alguns prefeitos”, afirma.
Fernando Duarte