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OS ESPECIAIS NA ESCOLA REGULAR. Por Luiz Carlos Amorim – Escritor
Conversando com professores do ensino fundamental, recentemente, soube que os alunos especiais, que antes iam para as Apaes, já estão nas salas de aula regulares.
Lembro que já abordei este assunto, em artigo lá pelos meados de 2013, quando soube do novo texto do PNE – Plano Nacional de Educação, que previa que, a partir de 2016, haveria congelamento de matrículas nas Apaes, para fins do cálculo para o repasse do Fundeb – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica. O que significaria que, com verbas menores, a demissão de funcionários da entidade de assistência aos especiais seria inevitável.
Vejam o que escrevi na época: “Para transferir a educação dos especiais para a escola regular, o Ministério da Educação deveria primeiro pensar em um programa de qualificação para todo o corpo docente. E ter escolas em bom estado para suprir a necessidade dos alunos não especiais e também dos especiais. Mais: as escolas teriam que ter adaptações para receber os alunos especiais.
Seria engraçado se não fosse absurdo: o nosso “governo” faz modificações irresponsáveis no nosso ensino, na nossa educação – e não é de hoje – para dizer o mínimo, mas não prepara professores, espaço e equipamentos para receber e colocar em prática o que quer impor. Faz leis com textos confusos e ambíguos para poder continuar com o processo de falência da educação brasileira, para se livrar de “problemas”, agora incluindo os estudantes especiais.
As crianças especiais até podem ser matriculadas no ensino fundamental regular, mas será que haverá estrutura para recebê-las? Sabemos a resposta, infelizmente.”
Pois não deu outra: Não esperaram 2016, os especiais já estão nas salas de aulas convencionais, sem preparação nenhuma dos professores, sem equipamentos apropriados, apenas com uma ajudante para o professor titular, quando há. Nada contra os especiais na sala de aula convencional, absolutamente. Mas eles precisam ser recebidos condignamente, com um ensino similar ao que as Apaes davam, eficaz e eficiente.
O que acontece, no entanto, é que os professores têm que dar conta da sua sala com os alunos de sempre, mais o especial ou os especiais, que merecem, sim, um ensino digno. E mesmo com uma ajudante para auxiliar com os especiais, quem tem que fazer um plano de aula adaptado os novos alunos é ela, a titular. Sem nenhuma preparação prévia, sem nenhuma qualificação específica. Bem do tipo “vire-se!”. Saem perdendo os alunos especiais, que não tem o mesmo ensino que tinham nas Apaes e saem perdendo os alunos regulares, que têm de dividir a atenção da professora com os novos colegas.
Já vimos muitos outros exemplos, mas essa é mais uma prova do quanto os nossos governantes se preocupam com a educação do cidadão brasileiro.
Sobre o autor: Luiz Carlos Amorim é Coordenador do Grupo Literário A ILHA em SC, com 33 anos de atividades e editor das Edições A ILHA, que publicam as revistas Suplemento LIterário A ILHA e Mirandum (Confraria de Quintana), além de mais de 50 livros.