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LAMPIÃO NA REVISTA “MITOS DA HISTÓRIA DO BRASIL” (MENTIRAS HISTÓRICAS).
Em referencia ao texto de Maria Carolina Vieira, Revista TOP 10, ano 1, nº 1 2014, páginas 36 à 39, com o Título: “ROBIN HOOD ÀS AVESSAS”, torna-se necessário as análises dos especialistas do tema, com o intuito de reparações históricas para que os erros das informações não se repitam e não se propaguem.
Na página 36, salvo o direito de expressão e criação do artista, sem essa balela de homofobismo, a imagem do Rei do Cangaço aparece com uma calça tão justa que faria inveja aos componentes da banda “Restart” e a Zezé de Camargo, figura que causaria no mínimo espanto e reprovação aos olhos dos sertanejos, estilos diferenciados ao que se usava na época do cangaço. No texto da foto cita que as estrelas dos chapéus eram pintadas e na verdade as estrelas eram confeccionadas em couro e costuradas.
Citando a entrevista de Lampião ao médico Octacílio Macedo, a jornalista diz que o cangaceiro justificava seus atos agindo como se fosse um movimento social e pra se fazer esse questionamento torna-se necessário uma análise mais complexa e aprofundada, questão pra ser levada ao leitor não como afirmativa e sim analítica, até porque Lampião não tinha aspirações políticas-sociais nenhuma; Ele nunca deixou transparecer nada em relação à concentração de terras nas mãos de uma minoria. Essa não era uma preocupação do cangaço.
Na página 38 o texto começa dizendo que “o cangaço nasceu como opção para tirar à força aquilo que não tinham meios legais de alcançar”….. Na verdade essa é uma justificativa muito vaga. O cangaço surgiu por várias consequências sociais, burocráticas e diversificadas. Muitos homens e mulheres entraram no cangaço por motivos diferenciados. O texto diz ainda que os cangaceiros se escondiam no Agreste e a verdade é que a maior parte do tempo o lugar de esconderijos dos cangaceiros era no Sertão, nas caatingas; No Agreste eles tiveram passagens esporádicas e por curto tempo..
Lampião nunca ganhou fama como sendo “O ROBIN HOOD DO SERTÃO” como afirma a sequência do texto; Na verdade essa comparação surgiu anos depois da morte de Lampião, de análises individuais de alguns pesquisadores e fãs do Rei do Cangaço.
No tópico “CHUMBO PRA TODO LADO” é citado que o cangaço em alguns momentos foi dissolvido pela ação dos coronéis. Quando aconteceu isso? Os coronéis, muitos deles, foram coniventes e apoiaram o cangaço. Na sequência cita que o dinheiro dos cangaceiros era pra cobrir despesas do próprio grupo e o que sobrava era pra ser distribuído como esmolas. Essa é uma afirmativa inverídica; Em todos os meus anos de pesquisas e entrevistas eu nunca ouvi falar isso. Fato que comprova o que digo é que nas mortes dos cangaceiros havia com eles uma verdadeira fortuna. Só quem não estuda o tema com o necessário rigor histórico afirma esse tipo de coisa.
Na página 39, em destaque, a jornalista cita como verdade, três histórias que todos conhecem como “Lendas do Cangaço”; aquelas velhas “ESTÓRIAS” que faz rir os pesquisadores sérios: A velha história do Sal, Lampião aparando criancinhas na ponta do punhal e o rapaz dos testículos trancados na gaveta. Esses fatos só são propagados por “curiosos” que acham estarem contando verdades históricas e acabam propagando mentiras.
No texto “PELO AMOR DE UMA MULHER”, começa dizendo que o nome de Maria Bonita é Maria Déa Neném. Um absurdo, pois todos que pesquisam o tema sabem que o nome de Maria Bonita é Maria Gomes de Oliveira. Bastava uma simples ida da jornalista ao GOOGLE para descobrir esse detalhe simples.
Lampião e Maria Bonita se conheceram em 1929 e não em meados de 1930 como diz na revista. Maria não fugiu largando o marido para ir com Lampião, na verdade Maria e Zé de Nenê estavam separados há 15 dias e ela estava na casa dos pais.
Nas referências, intitulado: “DESCUBRA MAIS” é indicado o filme Lampião, o Rei do Cangaço, de 1964, como fonte de informação.
Já pensou em aprender sobre o cangaço assistindo um filme de ficção? Que pesquisadores teremos?
Francamente, exijo que a história seja levada mais a sério e os oportunistas de plantão se conscientizem que os fatos históricos desse período merecem um cuidado especial, pois fazem parte da história do Brasil.
Paulo Afonso, 05 de Junho de 2014.
João de Sousa Lima
Historiador e Escritor.
Membro da ALPA – Academia de Letras de Paulo Afonso.
Membro do IGH – Instituto Geográfico e Histórico de Paulo Afonso.
Membro do GECC – Grupo de estudos do cangaço do Ceará.
Autor de 06 livros sobre o cangaço.
Biógrafo de Maria Bonita.
1 Comment
Falar em oportunismo quando se trata de cangaço soa um tanto estranho, dito pelo renomado “historiador”…