Aula inaugural do curso de Bacharelado em Arqueologia na UNEB, Campus VIII

 Aula inaugural do curso de Bacharelado em Arqueologia na UNEB, Campus VIII

No dia 18 de setembro de 2014, foi realizada no auditório do Memorial Chesf em Paulo Afonso a aula inaugural do curso de Bacharelado em Arqueologia na UNEB, Campus VIII – Paulo Afonso/BA. O curso começa com 34 alunos.

Entre os presentes, além da Diretora do Campus VIII, Dra. Érica Nunes, Professor Dr. Edilson, Professor Salomão, Professora Doutora Cleonice Vergner, uma presença ilustre do evento foi a Professora Doutora Maria Beltrão, homenageada pelos alunos.

Outra presença marcante foi a de Everson Paulo Fogolari – diretor e fundador da editora Habilis Press especializada em arqueologia e o mesmo fez a doação de 25 exemplares para a biblioteca da UNEB.uneb arqueologia

A criação do Bacharelado em Arqueologia na UNEB, Campus VIII – Paulo Afonso/BA é a retomada do sonho dentre outros, de pessoas como o Professor Doutor Juracy Marques, hoje na UNEB de Juazeiro e da renomada Professora Dra. Cleonice Vergner, diretora do CAAPA – Centro de Arqueologia e Antropologia de Paulo Afonso – de relevantes serviços prestados à ciência e à história da região desde a construção da hidrelétrica de Xingó onde desenvolveu importantes trabalhos de pesquisa arqueológica cujas descobertas mudaram a história da presença do homem nesta região.

Até então, em 1995, os registros históricos davam conta que a existência do homem nesta região data de 4,5 mil anos.

Os estudos da grande quantidade de peças arqueológicas localizadas em áreas como o Sítio Justino, antes do enchimento do Lago de Xingó, feitos em laboratórios de universidades brasileiras, da Europa e dos Estados Unidos, permitiram assegurar que o homem habita esta região a mais de 9 mil anos.arqueologia na uneb

As riquíssimas peças, de valor científico inestimável, assim como toda a história de como foram encontradas e escavadas nas margens do rio São Francisco, antes do enchimento do Lago de Xingó, estão expostas à visitação pública no Museu Arqueológico de Xingó, o MAX, construído para abrigá-las e ali será o grande laboratório de pesquisa para os alunos deste Curso de Arqueologia que começa na UNEB de Paulo Afonso, assim como as pedras dos povoados pauloafonsinos, também descobertos e estudados pela professora Cleonice, e pelo professor Juracy Marques e outros docentes do Campus VIII da UNEB.

Ali, foram encontrados cerca de cem (100) sítios rupestres na zona rural do município de Paulo Afonso, nos povoados de Malhada Grande, Lagoa da Pedra, Mão Direita e Rio do Sal, principalmente.

Este território foi considerado “Área de Conservação Ambiental”, pela Lei Municipal 926/2002, de 11 de abril de 2002, aprovada pela Câmara Municipal de Paulo Afonso e sancionada pelo Prefeito Paulo Barbosa de Deus, deste município. Também na Serra do Umbuzeiro e em outros locais ao longo do cânion do rio São Francisco, há outros sítios rupestres.

Especialmente nos povoados de Paulo Afonso, principalmente na Mão Direita e Rio do Sal, grande parte destes sítios rupestres estavam sendo destruídos e as pedras viravam paralelepípedos para calçamento de ruas em Paulo Afonso e outras cidades da região.

Ação do Ministério Público junto à prefeitura resultou na assinatura de TAC, em 2007, na gestão do Prefeito Raimundo Caires, que impediu que se continuasse a destruir os sítios rupestres. Alguns chegaram a ser demarcados para visitação pública no que seria (será?) o primeiro grande Museu a Céu Aberto na região.

O trabalho destes professores da UNEB está documentado em um livro chamado Pedras Pintadas – dilemas socioambientais do complexo arqueológico de Paulo Afonso, assinado pelos Professores Doutores Clenice Vergne e Juracy Marques, publicado pela Editora Fonte Viva, de Paulo Afonso, em 2009, no formato 26 cm X 20 cm, com 243 páginas e mais de 430 fotos e documentos importantes sobre este trabalho.

A criação do Curso de Bacharelado em Arqueologia na UNEB é uma reivindicação antiga deste Departamento de Educação e visa estimular os estudos e a preservação dos sítios arqueológicos da região, permanentemente ameaçados pela ação do homem que, rapidamente transformam as “pedras pintadas”, em blocos para calçamento de ruas de cidades da região.

O livro Pedras Pintadas começa com o poema de Carlos Drummond de Andrade, onde ele diz em certo momento:

“Nunca esquecerei desse acontecimento

Na minha vida de retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho

Tinha uma pedra

Tinha uma pedra no meio do caminho

No meio do caminho tinha uma pedra”.

Os alunos do Curso de Bacharelado em Arqueologia da UNEB terão diante dos seus olhos, na paisagem sertaneja de Paulo Afonso, muitas razões para nunca esquecerem que no meio do seus caminhos há, não uma, mas centenas, milhares de pedras que precisam permanecer ali, enigmáticas, contando a história do homem desta há muitos milênios e, certamente cada um deles estará empenhado para que elas permaneçam ali, imponentes, como grandes esfinges, desafiando o futuro, contando a história dos milênios da vida nesta região.

Por Antônio Galdino

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