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As Máscaras Caíram
Esta eleição tem sido marcada por sérias mudanças na posição de forças políticas relevantes no cenário nacional e estadual.
A mais expressiva das mudanças foi a guinada dada pelo PSB. Convivi com Arraes e fui seu colaborador direto por vários anos, o que muito me honrou. Até quando percebi que a correlação de forças internas no partido havia se alterado e o centro de gravidade se deslocara para seu neto. Eduardo Campos passara a exercer não mais a política de Arraes, visto por ele e seu grupo como superado, mas sim a política do pragmatismo em primeiro lugar como tática e do projeto pessoal como estratégia.
Nesse momento saí do partido. Saí sem fazer alarde nem criar polêmica. Exerci o mais profundo silêncio, em respeito à figura histórica do velho Arraes. O tempo encarregou-se de ir clareando as coisas. Quando do primeiro governo de Eduardo cheguei a imaginar que ele, amadurecido pelo tempo, estaria em condições de conduzir um projeto coletivo com as forças políticas mais próximas ideologicamente, das quais o PT é a mais consistente e avançada.
Infelizmente enganei-me. Na sua segunda gestão o então governador tratou de agir em cada município no sentido de esmagar aliados, em especial o Partido dos Trabalhadores. Meteu-se na política interna do PT e cuidou de agravar nossa crise interna. Lançou candidato próprio contra o nosso à prefeitura do Recife, alegando nossas disputas fratricidas, que ele próprio cuidara de estimular. Na seqüência, tendo recebido tanto apoio dos governos Lula e Dilma, decidiu romper unilateralmente com o PT, sem qualquer justificativa plausível.
Como vínhamos acompanhando o comportamento hostil do PSB, nós, do PT de Pernambuco, não nos surpreendemos. Já vínhamos provando do veneno há bastante tempo. Mas até aí havia espaços, teoricamente, para correção de rumos. Muitos ainda acreditavam, como o próprio Lula, que seria um erro de tática do PSB, que, ao fim e ao cabo, acabaria por atuar conosco do PT em projeto mais amplo e convergente.
Ledo engano. Pelo contrário, Marina, já após a tragédia que ceifou a vida do ex-governador, e como candidata e sucessora de Campos, passou a defender um conjunto de políticas de cunho claramente conservador e anti-popular que já haviam sendo colocadas pontualmente pelo ex-governador. E isso com o respaldo e apoio do seu partido hospedeiro, o PSB. Mas havia, para os que cultivam sempre a fé na conversão para o bem de ovelhas desgarradas, uma esperança, que essa guinada a direita fosse “coisa da Marina”, a ser corrigida logo por seu partido temporário. Mais uma vez, entretanto, não era assim.
Estando fora do embate do segundo turno, o PSB ficou face a face com a impossibilidade de continuar fazendo jogo duplo. Ou prevaleceriam seus compromissos históricos com o avanço social do povo trabalhador e dos excluídos em geral ou aderiria ao projeto retrógrado e neo-liberal dos tucanos que, em outro capítulo da tragédia política nacional, deixara de ser social-democrata desde quando FHC chegou ao poder em 2002.
A segunda opção aconteceu e, de tal forma comandada pelo PSB pernambucano, que não deixou dúvidas tratar-se, essa estratégia de direitização, de algo que já vinha sendo maturado há bastante tempo.
Pois bem. Assistimos agora uma disputa renhida entre PT e PSDB, entre Dilma e Aécio. Não há mais a direita envergonhada travestida de terceira via. As máscaras caíram. São dois projetos diametralmente opostos de sociedade. Um, participativo, democratizante, inclusivo e, portanto, popular, e outro, exclusivista, discriminatório e excludente (e portanto, elitista). A disputa entre os que querem continuar avançando e os que querem retroceder está sendo dura e continuará assim até as eleições no dia 26 de outubro.
Dentre os que dizem que não votarão em Dilma há muitos que justificam essa posição dizendo “por que não gosto dela” ou “porque o PT rouba muito”. Estes, em sua grande maioria, homens e mulheres de boa vontade, poderão, até o dia 26, ser convencidos em votar em Dilma. Porque?
Porque ela é honesta, sempre foi e sempre seu governo combateu a corrupção, enquanto os tucanos engavetam todos os mal-feitos deles. Porque o projeto de Dilma não é pessoal, é dar continuidade ao processo que tem libertado milhões de brasileiros e brasileiras da miséria e do desemprego e que irá avançar ainda mais no fortalecimento político, social e econômico de nossa brava gente brasileira.
Agora é ampliar cada vez mais a participação popular nesta campanha que já mostra ter saído dos estúdios de TV e ganho o espaço democrático das ruas e praças. E, como dizia Castro Alves, “a praça é do povo, como o céu é do condor”. E quando o povo se levanta, ninguém o supera, ninguém o engana.
Fonte: Blog do Jamildo
Por Pedro Eugênio, exclusivo para o Blog de Jamildo