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Há 9 mil anos, grupos já percorriam os caminhos do bando de Lampião

Na margem baiana do São Francisco, o homem primitivo deixou muitas lembranças. Pinturas estão entre as mais bem preservadas do Nordeste.
A cidade alagoana de Piranhas enche de cores a margem do Rio São Francisco. Fica logo abaixo da barragem de Xingó, onde o Velho Chico volta ao seu nível normal, com as pedras aparecendo no leito. Foi de Piranhas que partiu a força policial que matou Lampião, o líder dos cangaceiros.
O Sertão tem uma área conhecida como a Rota do Cangaço. Setenta e seis anos depois da morte de Lampião, é possível refazer as trilhas por onde o bando dele passava. De um lado, Sergipe, do outro lado, Alagoas, e o cânion do Rio São Francisco no meio. Segundo o turismólogo Jairo Luiz Oliveira, a gruta na Fazenda Mundo Novo era um dos locais preferidos de Lampião, por estar próximo ao Rio São Francisco e por estar no estado de Sergipe, onde ele tinha uma certa proteção.
Nas grutas, o bando de Lampião encontrava abrigo. Na mata, tinha caça abundante e água. Do alto dos paredões, sentinelas podiam avistar com facilidade a chegada de intrusos. Mas não foram apenas os cangaceiros que andaram pelas trilhas. Outros grupos percorreram os mesmos caminhos há cerca de 9 mil anos.
“Essas inscrições no teto, o sol e a lua, é o que nós chamamos de Céu Rupestre, que eram de grande importância para os povos primitivos, isso porque os astros serviam tanto para a orientação deles, caminhando pela Caatinga, também como para o plantio e para a colheita de alimentos”, explica o turismólogo.
No Boqueirão da Onça, município de Sento Sé, na margem baiana do São Francisco, o homem primitivo também deixou muitas lembranças.
Grota dos Caboclos é o nome de um rio seco, com leito de pedras, cercado por paredões cheios de inscrições rupestres. Ao longo de dois quilômetros, são mais de 20 sítios arqueológicos e o povo que viveu no local, há mais de 9 mil anos, deixou as suas marcas para sempre. No tempo em que o nível da água passava no rio a cinco, seis metros de altura.
As pinturas descobertas na região estão entre as mais bem preservadas do Nordeste. São testemunhas das mudanças climáticas que aconteceram no Planeta há milhares de anos.
“Nós costumamos reforçar a hipótese de que as pinturas mais altas sejam possivelmente mais antigas, porque as pinturas no leito, e nas margens próximas ao riacho, só puderam ser feitas após a mudança do clima que era tropical úmido e mudou para o semiárido”, diz Celito Kestering, professor da UNIVASF.
Claudinei e João Batista, vivem em um povoado perto e quiseram mostrar pinturas que estão ainda mais escondidas. E eles aproveitaram a presença do professor Celito para matara a curiosidade.
Claudinei: Que tinta é essa que nove mil anos, seis mil anos e continua na pedra?
Celito Kestering, professor da UNIVASF: As figuras vermelhas foram feitas com óxido de ferro, barro vermelho com banha ou óleo de qualquer animal. Então equivale a nossa tinta a óleo. As pedras funcionam como um mata-borrão, elas absorvem a tinta e aí a tinta fica sendo quase que um componente da rocha. Uma figura de um pássaro com os joelhos bem evidentes. Tem um nódulo no joelho e isso é bastante comum no vale do Rio São Francisco.
Gi.globo.com