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Ex-diretor da Petrobras citou nomes de 28 políticos em delação, diz jornal
Paulo Roberto Costa revelou ao MPF lista de beneficiários de esquema. Políticos citados por ex-diretor da Petrobras negam ter recebido propina.
MÁRIO NEGROMONTE (PP) – O ex-ministro Mário Negromonte (PP-BA) disse em nota que repudia “veementemente” a afirmação que inclui seu nome na relação divulgada pelo jornal. “As poucas vezes que estive com o Sr. Paulo Roberto Costa foi para tratar de assuntos institucionais e na presença de outras pessoas. Nunca tratei de assuntos relacionados a recursos e nunca recebi”, afirmou.
Preso em março pela Operação Lava Jato, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa revelou no acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) o nome de 28 políticos supostamente beneficiados pelo esquema de corrupção que atuava na Petrobras, segundo reportagem publicada na edição de sexta-feira (19) do jornal “O Estado de S. Paulo”.
A publicação afirma que entre os mencionados por Costa estão o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão; os ex-ministros Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil), Gleisi Hoffmann (Casa Civil) e Mário Negromonte (Cidades); o governador do Acre, Tião Viana (PT); os ex-governadores Sérgio Cabral (Rio) e Eduardo Campos (Pernambuco), além de deputados e senadores de PT, PMDB, PSDB e PP.
Dinheiro para campanhas
O jornal “O Estado de S. Paulo” relatou que, na delação premiada, Costa afirmou que parte dos políticos que integravam o esquema de corrupção recebiam repasses de propinas com frequência.
O ex-diretor da Petrobras, que está em prisão domiciliar no Rio de Janeiro, revelou ao MPF que as parcelas de suborno chegaram a superar R$ 1 milhão. O dinheiro, destaca a reportagem, teria sido usado em campanhas eleitorais.
Em depoimento à Justiça Federal do Paraná em outubro, Costa também relatou que parte da propina cobrada de fornecedores da estatal foi usada na campanha eleitoral de 2010. Segundo ele, o dinheiro era direcionado a PT, PMDB e PP.
Na ocasião, ele disse ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato na primeira instância, que o PT recolhia para o seu caixa 100% da propina obtida em contratos das diretorias que a sigla administrava, como, por exemplo, as de Serviços, Gás e Energia e Exploração e Produção.
Conforme o ex-dirigente, se o contrato era de uma diretoria que pertencia ao PP, o PT ficava com dois terços do valor e o restante era repassado para a legenda aliada.
Da cota do PP, detalhou Costa à Justiça Federal, 60% eram repassados para a direção do partido, 20% eram usados para emitir notas fiscais e outros 20% eram divididos entre ele e o ex-deputado federal José Janene (PP), apontado como antigo operador do partido no esquema de corrupção que tinha tentáculos na Petrobras. Um dos réus do processo do mensalão do PT, Janene morreu em 2010, antes de ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
A relação de nomes de políticos mencionados por Costa na delação premiada reproduz a divisão partidária da propina que ele mesmo detalhou em outubro. Nas contas da reportagem de “O Estado de S. Paulo”, o ex-diretor citou ao Ministério Público oito políticos do PT, oito do PMDB, dez do PP, um do PSDB e um do PSB.
Frequência dos subornos
O delator do esquema de corrupção observou na delação premiada que, ao mesmo tempo em que ocorriam repasses regulares, outra fatia dos políticos recebia suborno esporadicamente, informou a publicação.
De acordo com o jornal, o ex-presidente nacional do PSDB Sérgio Guerra – que morreu em março deste ano – teria pedido, em 2009, R$ 10 milhões para arquivar uma CPI da Petrobras no Senado.
O texto afirma ainda que, em relação a diversos políticos, Paulo Roberto Costa apenas mencionou os nomes, sem detalhar as cifras que teriam sido distribuídas a eles ou a seus partidos.
A reportagem ressalva que os nomes citados por Costa são exclusivamente de políticos que teriam sido beneficiados com propinas pagas por fornecedores da Petrobras à diretoria de Abastacimento, que ele comandou entre 2004 e 2012, nos governos Lula e Dilma.
Políticos mencionados por outros delatores, como o doleiro Alberto Youssef – suspeito de comandar o esquema de lavagem de dinheiro e pagamento de propina desmontado pela Operação Lava Jato –, não estavam entre os listados por Paulo Roberto Costa.
Segundo o jornal, o ex-diretor da Petrobras disse que, em 2010, o esquema de corrupção que atuava na Petrobras repassou R$ 1 milhão para a campanha da senadora Gleisi Hoffmann, que comandou a Casa Civil de Dilma entre 2011 e 2014. O ex-diretor, destacou a reportagem, teria recebido pedido do doleiro Alberto Youssef para ajudar na candidatura dela.
O líder do PT no Senado, diz o texto, também teria recebido R$ 1 milhão do esquema para sua campanha em 2010. A reportagem afirma que, de acordo com Costa, o dinheiro teria sido pedido pelo empresário Mário Barbosa Beltrão, presidente da Associação das Empresas do Estado de Pernambuco.
Costa, informa o jornal, também deu detalhes sobre o suposto envolvimento de outro petista no esquema: o senador Lindbergh Farias, que concorreu ao governo do Rio de Janeiro na eleição deste ano. De acordo com o ex-dirigente da Petrobras, ele trabalhou na campanha deste ano de Lindbergh e teria como uma de suas atribuições coletar doações com empreiteiras em nome do petista.