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Aumento de turistas na alta temporada estimula arrastões nos cartões postais
Em período de alta temporada e com o aumento de turistas no Rio de Janeiro, os cartões postais da cidade se transformaram no principal alvo dos criminosos. No fim de semana, 16 pessoas foram detidas pela Polícia Militar em arrastões nas praias, nas proximidades do Corcovado, no Cosme Velho, na Zona Sul, e na saída do Theatro Municipal, no Centro. Segundo a PM, a maioria absoluta das ocorrências envolveram menores de idade.
O diretor da Associação Brasileira de Profissionais de Segurança (Abseg), Vinícius Domingues Cavalcante, chama as ações que assustaram os turistas e cariocas neste domingo (11/1) de “crimes de ocasião”. Para o especialista, os arrastões refletem as movimentações dos delinquentes que usam as oportunidades nas ruas para se capitalizar, favorecidas ainda por uma característica pacífica da população. “As pessoas aqui no Rio não têm o costume de se unir estrategicamente para reagir a um arrastão. Mesmo em grupos de amigos ou familiares nas praias, o carioca entra em pânico e acaba criando um ambiente propício aos criminosos”, diz Cavalcante.
O especialista destaca que as ações dos bandidos não tem horário ou local certo para acontecer, mas depende muito do cenário que eles consideram oportuno. “Na praia, por exemplo, começa com um ou outro, geralmente jovem, cometendo o delito. Como as pessoas começam a correr, os delinquentes que estão aguardando um momento certo para agir, entram em cena e a confusão toma conta do local”, explica ele. Já nos pontos turísticos, Cavalcante destaca que as aglomerações de turistas equipados com tecnologias mais caras, chama a atenção dos criminosos.
Após os casos registrados no domingo (11), a Polícia Militar afirmou que o comando da corporação está elaborando estratégias relacionadas às constantes apreensões de adolescentes suspeitos de furtos na orla. Em Ipanema, das oito pessoas autuadas, apenas uma era maior de idade. Em frente ao Teatro Municipal do Rio, na Cinelândia, a polícia apreendeu um menor durante o arrastão promovido na saída do público após a exibição da peça infantil “O Pequeno Príncipe”. Em Laranjeiras, sete pessoas foram detidas, três jovens e 4 menores.
A PM tem um efetivo de 710 policiais dos batalhões de Botafogo, Flamengo, Copacabana, Leblon e Ipanema, além do Batalhão de Choque (BPChoque), do Batalhão de Ações com Cães (BAC), recrutas do Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças (Cfap) e homens do Batalhão de Policiamento em Grandes Eventos (BPGE), que atuam nas areias. No entanto, o contingente de agentes não tem sido suficiente para conter a violência nos pontos turísticos. Um estudo feito em dezembro pelo Ministério do Turismo, mostra o aumento no número de turistas no sudeste brasileiro, especialmente no Rio de Janeiro. De acordo com as estatísticas oficiais, 30,7% dos entrevistados que escolheram destinos nacionais estão preferindo cidades do sudeste. A Secretaria de Turismo do Rio estima que a cidade receba, entre os meses de dezembro de 2014 e março de 2015, um total de 3,464 milhões de pessoas, para as comemorações de réveillon, o aniversário da cidade e o carnaval.
A mudança na cúpula da Segurança Pública no Rio pode representar uma solução mais eficaz para o problema dos arrastões, na opinião do diretor do Observatório das Favelas, Jailson de Souza e Silva. O especialista acredita que os novos agentes estão mais preparados para atuar na prevenção deste tipo de delito, que para ele também tem relação com a presença das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) nas comunidades. “Estamos em um momento que não dá para separar a questão da segurança no asfalto da favela. A maior necessidade agora é reinventar as ações [no setor de Segurança Pública], intensificando a política de proximidade neste processo”, destacou o especialista.
Jailson aposta em novos paradigmas para envolver a população das áreas pacificadas nas questões da Segurança, como a participação mais ativa dos conselhos comunitários de segurança. Ele destaca ainda que o atual quadro turístico na cidade é mais um fator que atrai a atenção dos criminosos que agem nos arrastões.
Jornal do Brasil