A estrada de Ferro Paulo Afonso

Os militares não acertaram quando, após 1964, decretaram a sua extinção. Erradicaram a nossa estradinha de ferro. Cento e dezesseis quilômetros saindo de Piranhas, em Alagoas, até Jatobá e Petrolândia em Pernambuco. Erradicaram, arrasaram e destruíram, apagando do mapa uma das boas heranças do regime de Dom Pedro II, imperador visionário esquecido dos brasileiros. Deve ter sido uma delícia para os usuários de antão. Pérola jogada na lama, não sabemos se por falta de sensibilidade ou por simples maldade. Não queremos nem pensar que não somos um país sério. Nós somos sérios, sim, quando nos permitem ser.

A propósito do exposto, quem desejar dar um mergulho espiritual na história do nosso sertão nordestino, compareça à exposição patrocinada pelo escritor Luiz Ruben no Espaço Cultural Raso da Catarina, conforme publicado nos nossos sites. Ainda não fui. Acabo de ler. Imediatamente me senti, por amor de nós todos à cidade e à região onde vivemos, obrigado a passar a notícia adiante. Essa é uma das iniciativas de cidadãos locais comprometidos com o bem-estar comum que vale a pena ser prestigiada.

País continental sempre é servido por uma malha ferroviária abrangente; exceto o Brasil. Insistimos que não somos não sérios. É difícil resistir à ideia, mas resistimos. Sérios, todavia, já teríamos desenvolvido uma malha ferroviária e um sistema hidroviário de respeito. Teríamos preservado a nossa estradinha Piranhas/Petrolândia.

Lisboa manteve os seus bondinhos (disputados pelos turistas de toda a Europa e de todo o mundo), como mantidos foram os bondes em várias capitais europeias. Mesmo no sul do Brasil, algumas marias-fumaça ainda soltam bafos de fumo que encantam os turistas e os saudosistas.

Nós nos encontramos na exposição de Luiz.

Francisco Nery Júnior