Renan devolve ao governo MP que reduz política de desonerações

 Renan devolve ao governo MP que reduz política de desonerações

BRASÍLIA – Depois de faltar ao jantar com a presidente Dilma Rousseff e em rota de colisão com o governo, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou que devolveu ao governo a Medida Provisória 669, que acabou com a política de desonerações. Renan comunicou sua decisão pouco antes aos líderes dos partidos no Senado e disse que considera a medida inconstitucional devido ao aumento imposto por MP. Renan foi aplaudido pela maioria dos senadores, como o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), mas foi criticado pelo senador Linbergh Farias (PT-RJ) — com quem debateu a questão diretamente — e pela senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).renan1

Para Renan, o aumento de imposto não pode ser feito por MP e deveria ocorrer por projeto de lei.

— Não recebo a MP 669 e determino a sua devolução à Presidência – disse Renan, na presidência da sessão do Senado e sendo aplaudido.

Ele disse que o Legislativo não está sendo consultado e que isso não pode ocorrer.

— Não é prudente para a nossa democracia continuar aumentando imposto por MP. Isso é um péssimo sinal de instabilidade jurídica que o Brasil emite agora. Não é um bom sinal para o ajuste, para a democracia, para a estabilidade econômica aumentar imposto por MP. Qualquer ajuste tem que ter uma concertação, um pacto, tem que ouvir o Congresso. Qualquer ajuste tem primeiro que ouvir o Congresso — disse Renan.

Renan explicou que, como presidente do Congresso, tem a prerrogativa de devolver uma MP ainda no prazo da admissibilidade, quando está sendo analisado o aspecto legal, se ela atende aos requisitos constitucionais.

— Não dá na democracia para continuar usurpando o papel do Legislativo. Como presidente do Congresso, cabe a mim zelar pelo papel constitucional. O governo editou MPs no recesso, afetou trabalhadores. Agora, afeta o custo de produção, aumenta imposto por MP. O melhor sinal da estabilidade, do ajuste que o Brasil pode emitir é o funcionamento das suas instituições – disse o senador.

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O presidente do Senado disse que, na semana passada, fez vários alertados ao governo sobre os erros no ajuste fiscal. Na verdade, Renan criticou o tamanho do ajuste, chamando-o de “pífio” e chegou a dizer que houve um “escorregadão” na política econômica e fiscal. O Ministério da Fazenda informou que não irá se pronunciar sobre a decisão.

– Estou analisando (devolver). Só uma MP no prazo de admissibilidade, que é a MP editada na sexta. As outras foram editadas no recesso, e durante a semana passada toda reclamamos — disse Renan.

O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse que Renan consultou os líderes sobre sua posição e que teve o apoio da maioria.

– O presidente Renan nos consultou sobre o que achávamos de devolver a MP. O DEM concorda – disse Caiado.

No encontro, Renan argumentou que há prazo para discussão e que o governo não consultou ninguém. Ele argumentou que há a previsão da noventena para que o aumento de imposto entre em vigor e que, por isso, o governo poderia ter optado politicamente por um projeto de lei com urgência constitucional.

— Ele não consultou, ele comunicou — disse o senador Romero Jucá (PMDB-RR).

Renan disse que não foi ao jantar com a presidente Dilma porque não quis misturar as funções de presidente do Congresso e líder partidário do PMDB.

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— O papel do presidente do Congresso que não pode ser confundido com líder partidário. São coisas distintas — disse ele.

Nesta terça-feira, Renan manteve o tom contra o governo. Em almoço com as senadoras, o presidente do Senado disse que o governo deveria cortar gastos e não tomar medidas impopulares. Renan foi aplaudido pelas senadores quando fez essa declaração, menos pelas petistas.

A MP 669 reduzia a política de desoneração ao aumentar o imposto cobrado das empresas quanto à folha de pagamento dos funcionários.

 

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